Embrapa, 45 anos
Sílvio Ribas
É com entusiasmo que está se celebrando 45 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a
Embrapa. Neste tempo de festa devemos ressaltar o papel estratégico da estatal
para o desenvolvimento econômico e social do país, sendo ela a prova mais
evidente de que investir em conhecimento é, sim, uma forma eficaz de gerar
riqueza para toda a nação.
O investimento firme e contínuo em pesquisa
mudou a perspectiva de desenvolvimento do campo. E a busca por inovação para o
setor agropecuário – com formação de recursos humanos, estudos em rede e foco
nos problemas – trouxe resultados fantásticos.
O objetivo da Embrapa garantir segurança
alimentar para o Brasil. As conquistas, contudo, foram muito além. Hoje, o país
é potência agrícola sustentável, prestes a atingir a liderança
global. Em quatro décadas, a oferta de carne foi quadruplicada e a de frango,
ampliada em 22 vezes. A produção de grãos saltou incríveis 555%, ampliando
a área plantada em só 163%. As crises de abastecimento de produtos básicos
ficaram no passado.
A Embrapa ajudou ainda a diminuir o valor da
cesta básica em 50% e a ampliar a presença do país nas exportações globais, sendo
líder em inovação da agropecuária tropical, de onde se espera que saiam
alimentos para uma população mundial cada vez maior. A empresa orgulho dos brasileiros não tem
fugido dessa missão: segue investindo pesadamente em tecnologias de ponta, como
clonagem, nanotecnologia e agricultura digital.
A ONU estima que até 2050 a produção agrícola
mundial precisará crescer 70%, sendo 100% nos países emergentes, para atender a
demanda alimentar crescente, fora os biocombustíveis.
A chamada revolução verde, como ficou conhecido
o espetacular salto de produtividade do agronegócio brasileiro a partir dos
anos 1970, via incorporação de tecnologias e de novas áreas produtoras, entre
as quais se destaca o cerrado do Centro-Oeste, consagrou a ideia de que a fome
no mundo resulta agora da má distribuição e de perdas entre a colheita até o
consumidor – e não mais da escassez.
A ONU calcula que só o Brasil, a cada ano, joga
no lixo 26,3 milhões de toneladas de alimentos, sendo 45% de frutas e
hortaliças. A Embrapa detalha essa estimativa: 10% das perdas ocorrem ainda no
campo, 50% no manuseio e transporte, 30% em centrais de abastecimento e 10% no
varejo e nas mãos dos consumidores. A estatal desenha cenários para antever
transformações e orientar projetos com foco no progresso sustentável da
agricultura. Não tenho dúvida de que desafios serão vencidos e oportunidades
serão aproveitadas.
Com essa motivação, outro projeto, o PLS
594/2015, este de minha autoria, inclui as despesas com ciência, tecnologia e
inovação no rol de gastos não sujeitos ao contingenciamento do orçamento. Por isso, meu obrigado à empresa que ajudou decisivamente o país a se tornar um dos maiores produtores
de alimentos e a consolidar a revolução na agricultura da faixa tropical do
planeta. Vida longa à Embrapa.
Comentários