Ditadura na Venezuela
A escalada de
arbitrariedades dos governos chavistas na Venezuela atingiu o seu ápice com as
eleições do último domingo, dia 20. Se alguém ainda tinha algum pudor em se
referir ao regime bolivariano como uma ditadura, agora não há mais qualquer
resquício de argumento que sustente a ideia de democracia nesse país vizinho.
Presos políticos são, infelizmente, apenas uma das muitas evidências de um
sistema de absoluta exceção.
A Venezuela escancara
hoje ao mundo o cenário social e econômico mais caótico e desolador já visto
nesse subcontinente sul-americano, digno de uma devastadora guerra. O
populismo, a corrupção e o estatismo tornaram aquela nação unicamente
dependente de sua maior riqueza, o petróleo, que não consegue fazer frente às
necessidades de um desesperado povo.
Tomadas à força, uma
após outra, por sucessivos lances de dominação, as instituições venezuelanas estão
violentadas e desconectadas dos cidadãos. Subjugadas pela fraude e pelas
mudanças de conveniência, as regras eleitorais de Nicolás Maduro apenas mimetizam
democracia. Os resultados das urnas são injustos, ilegítimos e abjetos. As nações
que desconhecem o pleito apenas sublinham o óbvio mais visível que o bigode do
presidente.
Escandalosamente
corrupta, desde a mais alta cúpula de poder até os mais simples agentes
públicos, a Venezuela é só miragem de institucionalidade. A prostituição e a
fome prosperam e propina se paga para tomar vacina e ter acesso a itens básicos
de higiene. A Suprema Corte e o Exército são hoje engrenagens do sistema tocado
por um mandatário inepto e sem qualquer escrúpulo, pior até que seu padrinho político,
o comandante Hugo Chávez.
Maduro eleito com
67,7% dos votos, mas apenas de votos confirmados, pois a abstenção foi superior
a 50%, o tornam um presidente usurpador. Questionadas as eleições de lá são
nossa obrigação como Casa da maior República latino-americana, onde as instituições
funcionam e a democracia vem resistindo ao tempo e às investidas em contrário.
Por isso, cabe o
Brasil dizer não à empulhação de Maduro e, mais, apelar à comunidade
internacional que se associe na tarefa de ajudar o povo venezuelano a superar a
sua tirania, dando caminho ao retorno à democracia. O golpe cotidiano do
governo venezuelana contra os já moídos alicerces da democracia precisa cessar.
Não podemos ser insensíveis à essa crise política, econômica, social e
humanitária sem precedentes.
Sem legitimidade e sem
credibilidade, o governo da Venezuela só terá a seu favor a força bruta para
desferir contra a oposição e os incomodados com todo tipo de carência. Só
certames livres, justos, transparentes e democráticos poderão varrer de vez do
mapa o regime chavista e redimir o bravo povo venezuelano, hoje tão vilipendiado,
faminto e sem futuro.
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