Pasta Joia Review - 7


Esquilinho poupador
Nos meus tempos de garoto no interior de Minas, o cofrinho preferido da criançada para guardar mesadas e trocados não era um porquinho. Era, sim, um esquilinho simpático, personagem do banco mineiro BMG, distribuído aos seus correntistas. Aquele boneco azul de plástico foi uma ação de marketing muito bem sucedida, que até hoje desperta lembranças naqueles que foram meninos e meninas nos anos 1970.
A gente juntava mesmo nos esquilos poupadores as nossas moedas de cruzeiro e, tão logo eles se enchiam, cortávamos a base sob os pés do bicho ou o meio da cauda para sacar o valor poupado com tanta persistência. Poupar era algo educativo e, ao mesmo tempo, divertido.
De uma forma lúdica de aprender a guardar dinheiro para alvos futuros. O cofrinho que hoje se tornou objeto de desejo de colecionadores e de nostálgicos nos ensinou a importância de acumular reservas, tal qual fazem os esquilos com as nozes para suportar a escassez que principia no outono do Hemisfério Norte, atravessava o inverno e morria na chegada da primavera.
Só pesquisando muitos anos depois é que fiquei sabendo que o bicho esquilo era um símbolo da providência. Até então só associava essa ideia à figura roliça dos porquinhos de barro pintado, de cerâmica e de plástico. Queria saber se os poupançudos, lançados no começo deste século pela Caixa Econômica Federal, conseguiram obter o mesmo retorno de público que o BMG conseguiu com o seu mascote do passado.
O mundo mudou, o Brasil mudou mais ainda e a poupança do esquilinho continua numa boa, na memória dos hoje homens e mulheres quarentões e cinquentões. O dentuço celeste estava presente nas propagandas de tevê da instituição financeira e também nos cartazes internos de suas agências.
Um amigo meu me contou certa vez que quando guri levava os seus cofrinhos cheios ao BMG para os funcionários de lá fazerem a separação das pratinhas por valor e colocarem os grupos numa grande máquina de fazer a contagem delas. Depois, tudo era depositado na caderneta dele ou vertido em cédulas de din-din.
Só consigo me lembrar do tin-tin do tilintar dentro do boneco toda vez que enfiava as frações de minhas parcas economias pela fresta no alto da cabeça dele. O pouco virava muito e nos ensinava a perseverar. A coisa não era brinquedo não.

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