Ditadura na Venezuela


Sílvio Ribas

A escalada de arbitrariedades dos governos chavistas na Venezuela atingiu o seu ápice com as eleições do último domingo, dia 20. Se alguém ainda tinha algum pudor em se referir ao regime bolivariano como uma ditadura, agora não há mais qualquer resquício de argumento que sustente a ideia de democracia nesse país vizinho. Presos políticos são, infelizmente, apenas uma das muitas evidências de um sistema de absoluta exceção.

A Venezuela escancara hoje ao mundo o cenário social e econômico mais caótico e desolador já visto nesse subcontinente sul-americano, digno de uma devastadora guerra. O populismo, a corrupção e o estatismo tornaram aquela nação unicamente dependente de sua maior riqueza, o petróleo, que não consegue fazer frente às necessidades de um desesperado povo.

Tomadas à força, uma após outra, por sucessivos lances de dominação, as instituições venezuelanas estão violentadas e desconectadas dos cidadãos. Subjugadas pela fraude e pelas mudanças de conveniência, as regras eleitorais de Nicolás Maduro apenas mimetizam democracia. Os resultados das urnas são injustos, ilegítimos e abjetos. As nações que desconhecem o pleito apenas sublinham o óbvio mais visível que o bigode do presidente.

Escandalosamente corrupta, desde a mais alta cúpula de poder até os mais simples agentes públicos, a Venezuela é só miragem de institucionalidade. A prostituição e a fome prosperam e propina se paga para tomar vacina e ter acesso a itens básicos de higiene. A Suprema Corte e o Exército são hoje engrenagens do sistema tocado por um mandatário inepto e sem qualquer escrúpulo, pior até que seu padrinho político, o comandante Hugo Chávez.

Maduro eleito com 67,7% dos votos, mas apenas de votos confirmados, pois a abstenção foi superior a 50%, o tornam um presidente usurpador. Questionadas as eleições de lá são nossa obrigação como Casa da maior República latino-americana, onde as instituições funcionam e a democracia vem resistindo ao tempo e às investidas em contrário.

Por isso, cabe o Brasil dizer não à empulhação de Maduro e, mais, apelar à comunidade internacional que se associe na tarefa de ajudar o povo venezuelano a superar a sua tirania, dando caminho ao retorno à democracia. O golpe cotidiano do governo venezuelana contra os já moídos alicerces da democracia precisa cessar. Não podemos ser insensíveis à essa crise política, econômica, social e humanitária sem precedentes.

Sem legitimidade e sem credibilidade, o governo da Venezuela só terá a seu favor a força bruta para desferir contra a oposição e os incomodados com todo tipo de carência. Só certames livres, justos, transparentes e democráticos poderão varrer de vez do mapa o regime chavista e redimir o bravo povo venezuelano, hoje tão vilipendiado, faminto e sem futuro.

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