SOS indústrias de Brasil e Espanha

Sílvio Ribas

A indústria espanhola vai buscar nas suas relações comerciais com o Brasil e em outras partes da América Latina saídas para superar as atuais dificuldades geradas pela crise econômica na zona do euro. Ontem em Brasília, durante a primeira etapa da viagem oficial do rei Juan Carlos I pela região, a comitiva de empresários que acompanha o chefe de Estado da Espanha foi recebida pela presidente Dilma Rousseff e assinou acordos de cooperação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Em busca de negócios, o setor acredita que o intercâmbio tecnológico e a investida conjunta em terceiros mercados pode favorecer exportações de produtos manufaturados dos dois lados, consideradas essenciais para sair da estagnação. “O momento da economia espanhola é complicado”, resumiu Juan Rosell, presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (Ceoe), equivalente à CNI.

Segundo ele, a Espanha não tem interesse em reduzir a participação na economia brasileira e, pelo contrário, aproveitar melhor as oportunidades oferecidas por ela. “Acreditamos que o Brasil, mesmo crescendo menos este ano, ainda apresentará números acima da média mundial”, acrescentou. Sua expectativa é que acertos entre grandes empresas de Brasil e Espanha se repitam nas de porte médio.

Rosell informou que o empresariado de seu país está confiante nas reformas econômicas anunciadas pelo governo do conservador Mariano Rajoy nas áreas financeira, fiscal, trabalhista e administrativa do Estado, ciente de que os resultados só serão percebidos no médio e longo prazos. “Até 2008 a economia espanhola apresentava o dobro das taxas de crescimento na Europa, mas a realidade piorou muito. Desde 2009 perdemos 3 milhões dos 5 milhões de empregos que havíamos criado nos sete anos anteriores”, comentou.

“A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no país e seu setor produtivo tem várias afinidades com o nosso. Por isso as turbulências atuais podem ser o melhor momento para unir forças e buscar novos mercados”, comentou Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, após firmar acordo com o espanhol Conselho Superior de Câmaras de Comércio e Indústria, para criar o comitê empresarial Brasil-Espanha. “Enquanto o Brasil poderá apoiar a Espanha nos mercados asiáticos, por exemplo, os espanhóis poderão nos ajudar na conquista do Oriente Médio”, declarou.

Segundo ele, a indústria brasileira torce pela superação da crise pela Espanha, até para elevar as exportações, e vê chances de cooperação de desenvolvimento de produtos na área têxtil e de vestuário e de produção no país como plataforma exportadora para a América Latina de equipamentos de usinas eólica e solar. Rosell acrescentou ainda potenciais nas áreas financeira e de infraestrutura. Ele ainda reconheceu que os recursos injetados por turistas são importantes para a economia de seu país, mas não avaliou os problemas envolvendo a entrada de brasileiros. “Na Espanha, o turismo é metade do mercado interno. Estamos de portas abertas na para que todos os turistas nos visitem”.

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