H20 for export

Sílvio Ribas

Consolidar o crescimento no mercado interno é também, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam), Carlos Alberto Lancia, a fórmula para conquistar outros mercados no exterior. Desde 2007 o setor se expande a um ritmo anual em torno de 10%, puxado pelas classes A e B. Ainda assim, o consumo anual per capita do brasileiro é considerado acanhado, de 45 litros, ante os 120 do europeu.

Lancia salienta ainda a folga com as outorgas existentes para um salto na produção doméstica: o país engarrafa atualmente 8 bilhões de litros anuais de água mineral, enquanto suas fontes têm capacidade de fornecer o triplo desse volume sem riscos de afetar o equilíbrio de reposição natural dos aqüíferos. Livres de agentes biológicos e com produção totalmente fiscalizada, as regras seguidas pelo setor são iguais às da agricultura orgânica, sem insumos artificiais.

Uma realidade distinta no mercado interno revelaria, por exemplo, que as águas minerais brasileiras poderiam competir com famosas marcas europeias, considerando que são, na média, mais leves e menos salgadas que as do velho continente. “Temos o leque completo, com amostras das mais puras e saborosas do planeta, algumas até desconhecidas do grande público. Minas Gerais, por exemplo, concentra a melhor oferta mundial de águas com propriedades terapêuticas”, ilustra o geólogo.

Aquífero estratégico
O Brasil é o principal acionista da maior reserva subterrânea de água doce do mundo, dividida com Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo boa parte dela já explorada. O estoque de água do chamado Aquífero Guarani equivale a um quinto de todos os conhecidos hoje, com volume suficiente para abastecer 2,8 bilhões de habitantes regularmente, dentro dos padrões de consumo recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Formado entre camadas de rochas arenosas, 71% do aqüífero está em território brasileiro. Em São Paulo, 80% dos municípios dependem dessa fonte para atender 5,5 milhões de habitantes. Mas a Agência Nacional de Águas (ANA) vem identificando diversos focos de contaminação e desperdício em razão de má gestão dos estoques, repostos naturalmente. A maior preocupação está no uso em algumas cidades e para agricultura. No Brasil, 61% da água extraída do aquífero têm como destino o aproveitamento agrícola, sendo a maior em irrigação.

Comentários