Feliz 2017!

Por Sílvio Ribas O país está à espera de importantes definições para a economia nos próximos dias, que terão de vir antes da posse da presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato. Primeiro, o Congresso Nacional terá de concluir o infame abandono da meta fiscal de 2014, o que pode ocorrer hoje no plenário da Câmara dos Deputados. Logo em seguida, é a vez do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já em plena atividade no Palácio do Planalto, receber oficialmente o cargo das mãos de Guido Mantega. As respostas que advirão desses dois momentos, previstos até então para esta semana mas sem qualquer agenda precisa, são desde o mês passado objeto de forte especulação do mercado financeiro. A simples apresentação de Levy como novo chefe da equipe econômica já foi, contudo, suficiente para que investidores e empresários suspirassem aliviados. O nome dele é o selo de garantia para importante ajuste nas contas públicas, concentrado ao longo de 2015 e de 2016. Esse otimismo é proporcional à expectativa de uma carta branca a ser dada pela presidente reeleita à atuação do novo titular da Fazenda. Sabe-se que o desafio dele é muito grande, ilustrado pelo cumprimento de uma meta (revisada e esclarecida) de superavit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano. Esse esforço implicará, obviamente, cortes de gastos, mudanças de prioridades e recriação e aumento de impostos. Curiosamente, os líderes empresariais, inclusive os do varejo, estão comemorando a certeza da chegada de dois anos ruins para os seus negócios, consequência de uma taxa de juros ainda salgada, da inflação ainda alta e de um crescimento do PIB abaixo de 1% ao ano. Para eles, esse cenário representa um sacrifício necessário e transitório para o país reencontrar o caminho da expansão econômica, sem a qual até mesmo o Estado brasileiro quebra. Governo novo, ideias novas, dizia o bordão da campanha para a reeleição de Dilma. Durante a corrida eleitoral, a candidata petista não detalhou em nada essas tais ideias novas. Agora se sabe que muitas delas são só aquilo que a oposição prometia fazer, resumida no duro e temporário ajuste fiscal. Mesmo assim, ela e a equipe que a acompanhará até 31 de dezembro insistem em dizer que tudo em gestão é mera adequação entre receitas e despesas. O choque de realidade se apresentou com mais clareza quando o governo recalculou a projeção de crescimento do PIB em 2015, para 0,8%, quase igual ao do mercado. A proposta orçamentária trouxe, em apoio à meta de superavit declarada por Levy, números mais críveis visando compensar quatro anos de descolamento da razão. Mas ainda há dúvidas a serem sanadas em relação às medidas que serão anunciadas pela gestão Dilma 2.0, mesmo porque existem ainda imponderáveis pairando sobre a condução econômica do país no próximo ano, tais como crise energética, desempenho das exportações e, sobretudo, juros nos Estados Unidos. Mesmo sendo nomes conhecidos da atual gestão, os outros dois membros do trio econômico - o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, e o futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa - podem ter recebido orientação diferente de Dilma. Será? A conferir. Não existe chance de medidas do nível de um confisco da poupança, mas taxas extras sobre rendimentos e restrições a benefícios sociais não podem ser descartas. A única certeza é de que todos esperam dias melhores, sobretudo a partir da segunda metade do novo governo da presidente. Coluna Correio Econômico/Correio Braziliense - 9 de dezembro de 2014

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