Pibão é bão

Por Sílvio Ribas Às vésperas do Natal de 2012, primeiro ano de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff declarou que queria de presente um “pibão grandão” no ano seguinte. O tempo mostrou, contudo, que não basta a chefe do Executivo querer a melhora da atividade econômica para isso se concretizar. Também não adianta apelar para todo tipo de atalho para fazer o país alcançar o justo e merecido desejo de progresso material. Em vez de Pibão, vieram os pibinhos em série, que acharam campo fértil para se reproduzir. Quando se projeta a média de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), o governo Dilma deve ficar em 1,6%, a pior marca desde a conturbada gestão Fernando Collor (1990-1992). Semana passada, o Ministério da Fazenda, que sempre esbanja otimismo em suas previsões, cortou à metade a sua estimativa de expansão do PIB este ano, de 1,8% para 0,9%. Com isso, 2014 será o pior ano do atual governo na economia. Como a maré de notícias ruins coincidiu com o calendário eleitoral, Dilma e equipe fazem de tudo para relativizar a crise e apostar em alívio a partir de 2015. Repetidas como bordões, as justificativas para o baixo crescimento do PIB – seca prolongada, estagnação dos Estados Unidos e menos dias úteis durante a Copa do Mundo – são insuficientes para explicar tanto pessimismo. Intervencionismo estatal em setores estratégicos, irresponsabilidade fiscal e tolerância com a inflação são, sim, a real causa desse marasmo. O mais intrigante de tudo é a reação dos petistas, sejam eles o ministro da Fazenda ou o meros simpatizantes, diante da era dos pibinhos, que soterra a vinda dos necessários Pibões. Ao Correio, Guido Mantega repetiu o slogan “o povo não come PIB”, para se mostrar confortável com a pasmaceira da indústria que já chega a outros segmentos. Soa engraçado quando confrontamos tal declaração com a promessa de Lula de levar o país ao “espetáculo do crescimento” e com o fato de que o Pibão de 7,5%, em 2010, ajudou a eleger Dilma. “O Pibão foi bão”, comentou a presidente, com sotaque mineiro, após a divulgação do índice anual, em março do ano seguinte, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sem Pibões, o país não reduzirá desequilíbrios sociais, não manterá a nota de bom pagador internacional e não reduzirá os rombos nas contas públicas, sobretudo o da Previdência. A economista Dilma sabe disso. Fonte: Correio Braziliense de hoje

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