Clássico das Gerais

Por Sílvio Ribas Os presidenciáveis que chegaram ao segundo turno ― Dilma Vana Rousseff e Aécio Neves da Cunha― são economistas nascidos em Belo Horizonte. Cada um foi filiado a apenas dois partidos, sendo suas respectivas legendas atuais as responsáveis pelo Fla-Flu que caracteriza a eleição presidencial no Brasil desde 1994. Ela herdou o primeiro nome da mãe e ele, o do pai. As semelhanças dos dois adversários acabam aí. As compreensões antagônicas dos candidatos em relação aos problemas brasileiros e as propostas que cada um defende para solucioná-los vão transformar o pleito de 26 de outubro numa final de campeonato de futebol, entre os dois times de histórica rivalidade regional. O domingo que encerra a corrida pelo Palácio do Planalto será marcado pela partida entre a atleticana Dilma e o cruzeirense Aécio. A decisão será no tempo normal, sem prorrogações. Assim como nos duelos tradicionais de grandes times brasileiros, não faltarão analistas da imprensa para levantar estatísticas com base em confrontos anteriores, relembrar craques do passado e, ainda, desenterrar velhos tabus. Mas a atual disputa pelos corações e mentes de 140 milhões de eleitores vai muito além da simples mística das duas bandeiras. Dela resultará o futuro da economia, do bem-estar social e das regras democráticas. O jogo já vem sendo jogado há muito tempo e o placar das urnas definirá se o desejo da maioria da população, expressa nos números da primeira etapa do campeonato eleitoral da primeira divisão, levará à manutenção ou à mudança no comando do país. O resultado terá impacto não só nos próximos quatro anos de mandato, mas na competitividade internacional e na sustentabilidade social e ambiental em décadas. Sem o pragmatismo do “professor” Lula no campo econômico, Dilma vai distribuir caneladas para manter em voga a sua fórmula desenvolvimentista, apesar dos resultados negativos acumulados na tabela. Tal qual o seu alvinegro Atlético (Galo forte vingador!), a petista espera vencer com sangue nos olhos, sem se importar com as faltas cometidas em campo. O desafiante Aécio, contudo, planeja reconquistar a taça presidencial para os tucanos com dribles curtos na pequena área e lançamentos calculados, na esperança de levar as massas indecisas e marinheiras ao delírio. Tal qual a raposa, mascote de sua equipe azul, ele conta com as lições dos sábios da política mineira e com as bobeadas da rival. Fonte: Correio Braziliense, Opinião, quinta-feira, 9 de outubro de 2014

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