O Plano D

Por Sílvio Ribas Chegou a hora da responsa para o governo. As disfunções da economia nacional, para não falar em crise generalizada, estão cobrando da presidente Dilma Rousseff uma reação clara, rápida e incisiva. Mas a gerente reeleita do Brasil ainda não revelou medidas que já deveriam estar engatilhadas, para serem anunciadas logo após o resultado do segundo turno. O cargo de ministro da Fazenda continua vago, sendo ocupado interinamente pelo seu titular desgastado e recordista de permanência. E as ações para tirar o país da estagnação associada à carestia sairão, nas palavras da própria petista, “de agora até o fim do ano”. O momento exigiria um Plano D, de Dilma, que foi quem comandou de fato a economia nos quatro anos do seu primeiro mandato e tem tudo para fazê-lo até 2018, só que de forma menos evidente. Esse pacote também seria conhecido pela letra inicial comum de cada pilar do seu tripé: dialogar, delegar e desanuviar. O primeiro deles está presente no discurso de vitória da presidente, mas ainda precisa ser colocado em prática, provando que ela está mesmo disposta a ouvir todos os setores, contrariando a sua própria personalidade. Transferir responsabilidades é outra dura missão a desafiar o centralismo dilmista, que terá de ser encarado em nome da eficiência. Por fim, o terceiro D é o mais complexo e urgente. Desanuviar significa depurar o ambiente econômico das espertezas contábeis, das mexidas de regras durante o jogo e do uso político do Estado, desde o congelamento de preços administrados ao aparelhamento que desagua nos sofisticados esquemas bilionários de corrupção. Apesar de declarar que não deixará “pedra sobre pedra” no caso do Petrolão, Dilma ainda não colaborou com as investigações. Com os ânimos ainda acirrados pela retórica eleitoreira de guerra de classes e de regiões, a agenda econômica responsável continua numa gaveta trancada do Planalto. Em vez disso, as articulações pós-eleições do governo insistem em alvos partidários, como a regulação da mídia, o plebiscito da reforma "no que se refere" à democracia e o resgate do decreto 8243, derrubado terça-feira na Câmara e que "descentralizaria" o poder. As três metas prioritárias poderiam ser outras, como melhorar índices da educação muito além do Pronatec, equipar o crescimento econômico ao de vizinhos como Colômbia e Peru e, ainda, reduzir o número anual de homicídios de 50 mil para 40 mil. O tempo não dá tréguas. Fonte: Correio Braziliense de hoje

Comentários