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Fórum Econômico Mundial alerta para a escalada de preços dos alimentos

SÍLVIO RIBAS

O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) alertou todos os países para uma escalada nos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos e minérios) nos próximos anos e para novas ameaças ao equilíbrio fiscal. Durante a divulgação do relatório Riscos Globais 2011, ontem em Londres, os principais economistas de consultorias contratadas pelo organismo traçaram um cenário crítico de deficits nas contas de governos, sobretudo da Zona do Euro, e de crescentes tensões comerciais dois anos após o estouro da crise econômica. “Os desafios à governança global iniciados em 2008 alcançaram uma escala inédita”, disse Robert Greenhill, diretor de Negócios do WEF.

Enquanto a guerra cambial lidera as preocupações de governos e de especialistas, a sexta edição do relatório também aponta riscos envolvendo o descompasso entre a demanda e a oferta de recursos naturais, com destaque para água, energia e alimentos. Outra parte do estudo relata o perigo causado pelo avanço da criminalidade e da corrupção no mundo.

Durante entrevista coletiva on-line, o presidente do Oliver Wyman Group, John Drzik, chamou a atenção para o começo de uma “nova era de oscilação” dos preços de commodities, afetados por eventos climáticos, pelo crescimento acelerado da procura e por deficiências na oferta. Com base na tendência dos últimos sete anos, ele prevê que os valores de energia, água e alimentos subam de 30% a 50% até 2030, “afetando a competitividade de setores econômicos e de países”. Para minimizar os efeitos da alta generalizada de matérias-primas essenciais, Drzik recomendou uma postura consciente e eficiente de cidadãos e governos, contendo riscos à segurança alimentar, por exemplo.

Segundo o estudo, a crise reduziu a capacidade do mundo de controlar choques porque o peso e a recorrência dos riscos para manter a estabilidade econômica cresceram. Com base na consulta a 580 especialistas, o documento mostra o endividamento público das nações desenvolvidas como resultado dos pacotes de estímulo, que resultaram em graves deficits orçamentários.

Extremos

Em 2010, a relação entre dívida líquida e o Produto Interno Bruto (PIB) do G-7 (grupo de países que antes representava os sete mais industrializados) beirou 80%, um salto ante os 60% de 2000. Os extremos da insustentabilidade fiscal estão representados por Japão e Noruega, sublinhou o economista chefe do Zurich Financial Services, Daniel Hoffman. “É fundamental haver consolidação fiscal, por mais dolorosa que possa ser”, disse.

Na visão do diretor associado do WEF, Nicholas Davis, o cenário ganha e perde com a maior dependência entre os mercados. “A globalização também contribui para a fragmentação social e as disparidades entre os países”, disse ao Correio. “Quanto mais as economias nacionais se conectam, mais difícil fica negociar soluções para o contágio de riscos globais sobre setores produtivos e regiões.”

Movimento especulativo

Os mercados internacionais de produtos agrícolas reforçaram ontem a perspectiva de alta nos preços futuros, tendência verificada nos últimos meses. O índice de commodities Reuters-Jefferies atingiu no meio da tarde a máxima em 27 meses, com ganhos generalizados nos negócios com produtos agrícolas, metais e energia. O indicador global que reúne 19 itens chegou a subir 1%, ficando acima de 335 pontos. O pico de 335,9 pontos foi alcançado pela última vez apenas em outubro de 2008, no auge da crise. Segundo analistas, boa parte dessa valorização se deve a movimentos especulativos para compensar o derretimento do dólar.

Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras de milho e soja atingiram seus tetos, apresentando os maiores valores em 30 meses. Eles refletiram a divulgação do relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Por volta das 14h55 (horário de Brasília), o vencimento de março do milho subia US$ 0,29, chegando a US$ 6,36. A soja tinha
alta de US$ 0,66, a US$ 14,23. O trigo futuro de março também tinha subida de US$ 0,26, para US$ 7,86.

O documento do USDA influiu nos preços futuros do trigo. Os valores atingiram nova máxima de 13 anos e meio na Bolsa de Nova York. O vencimento de março do café arábica subiu 3,5%, para US$ 2,42 por libra-peso, alta de US$ 0,08 por libra, no maior valor para o contrato à vista desde junho de 1997. Em Londres, o mercado do café robusta também apresentou forte alta de US$ 61, a US$ 2.171 por tonelada.

Fonte: Estado de Minas e Correio Braziliense

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