Reminiscências da Ilha da Magia

Florianópolis, a bela capital de Santa Catarina, é conhecida por mais de 40 praias e pela imbatível qualidade de vida. Ao morador ou ao visitante mais observador, o grande programa pode estar, contudo, longe da agitação de balneário. O velho centro urbano da ilha, com traços da Nossa Senhora do Desterro, presenteia os sentidos com encantos da vida cotidiana, particularmente nas manhãs de sábado, quentes ou frias, mas sem chuva.
No primeiro fim de semana do inverno de 1999, testemunhei e recordei todos os elementos que fazem especial esta parte da cidade em torno da Catedral Metropolitana e da velha figueira. Tudo é simpatia: desde o folclórico Jacaré, personagem florianopolitano com visual punk e alto-falante a tira colo para fazer propaganda do comércio, até o encontro de turistas e sociedade com as iguarias e bebidas do Box 32, uma inusitada opção do centenário Mercado Municipal.
As lojas de roupas e artigos baratos se abrem aos milhares de transeuntes nos calçadões da fundamental Filipe Schimidt (irmã-gêmea da juiz-forana Halfeld) e Conselheiro Mafra. Outros atores entram completando, como camelôs e artistas populares. Grupos se expõem ao público: a turma da capoeira, os adeptos da cultura racional e os artesões de visual hippie em volta da Figueira histórica (Sou torcedor do Figuêra e não do Leão da Ilha, o Avaí).
Aqui e ali, se somam ainda prostitutas à paisana e índios vendendo peças estudadas pela antropologia. De ativistas do teatro, recebemos panfletos convidando para peças e apresentações de rua, como a do “homem-estátua” (igual a que vi em Roma). Em épocas de alta temporada do verão, também são comuns os doleiros na estratégica esquina entre praça e Schimidt, fazendo companhia aos vendedores de jornal e colecionadores de cartões telefônicos (uma mania local). Por fim, vamos tomar um café no Senadinho, aqueles pontos de café populares que estão acabando.
Os botecos são raros, mas para manter a tradição, vale a feijoada do Poly’s, o tradicional restaurante ilhéu (sempre o comparo com a Cantina do Lucas, de Belo Horizonte) com vista para a praça XV, um dos preferidos do colunista eletrônico Cacau Menezes, do Jornal do Almoço. Se preferir tem o velho Bob’s da Trajano, que agora terá a companhia da velha rival americana McDonald’s. Descendo a praça rumo à beira-mar tenho uma visão de um rascunho de Mont Marte, com as cúpulas beges da catedral acima da copa de árvores e das lonas azul e branco das barracas de alimentos, numa feirinha cheirosa.
Voltando ao cardápio musical, encontramos shows de pagode ao ar livre no vão do mercado. Lamentavelmente o Pirão, restaurante açoriano, está fechado. Mais adiante peruanos (ou outro andino) cantando “Yolanda” e “Luar no Sertão” enquanto tentam vender CDs e flautas de bambu (são os mesmo que encontramos em espaços públicos dos quatro cantos do mundo). Ilha, filha, maravilha... Avesso às praias e ex-morador do centro, tive essa ideia enquanto desviava das dunas na avenida das rendeiras (Lagoa da Conceição).

BARES

DONOVAN IRISH PUB
Travessa Harmonia, 44 - Centro

BAR ILHEU
Dom Jame Camara,118

BOX 32
Mercado central

LATITUDE 27
Estrada Geral da Barra da Lagoa da Conceição

ARMAZEM VIEIRA
Rua Aldo Alves - Saco dos Limões

SCUNA BAR
Rua Forte Santana

CAFÉ MATISSE
Av. Irineu Bornhausen, CIC

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