Reviravolta virou regra

Sílvio Ribas Toda vez que me sentia amuado em razão de problemas pessoais ou profissionais meu pai me consolava com a frase <“anime-se porque a vida de sagitário é pródiga de sensacionais reviravoltas”. O que meu astrólogo preferido dizia nos meus tempos de garoto hoje parece se aplicar às pessoas de todos os signos. Se olharmos em retrospecto, vamos chegar à conclusão de que as revoluções em países e biografias estão ocorrendo permanentemente e das formas mais inesperadas, desafiando historiadores, psicólogos e religiosos. A real agonia agora é não perceber que as mudanças ocorrem e ocorrerão com ou sem revoltas populares, movidas muito em função da crescente transparência forçada pela difusão das mídias digitais e independentes. Aquela ameaça disparada pelo desafeto de que é melhor termos cuidado “porque o mundo dá muitas voltas” virou uma coisa prosaica. Vamos logo aos exemplos. O presidente venezuelano Hugo Chávez parecia ser eterno na jornada para construir seu socialismo moreno, mas tombou diante de uma doença fatal que tentou combater com os escassos recursos cubanos. O colega norte-americano Barack Obama, poucos anos depois de ganhar o Nobel da Paz, perdeu enorme prestígio com a revelação do aparelho de bisbilhotagem global. O homem mais poderoso do mundo ainda é pop, mas acumulou contradições demais. Mais interessante foi a queda do ameaçador líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que acabou de ser substituído em meio a tanta represália e inflação de 40% ao ano. Se considerar o cenário internacional, também há voltas por cima e para baixo muito interessantes, em um espaço de apenas três anos. Os Estados Unidos, afundados na maior crise desde o crack da bolsa em 1929, está começando a se reerguer, ressuscitando sua indústria e puxando a nova matriz energética do mundo, com gás natural à frente. O Oriente Médio movido a petróleo poderá ter nova configuração. O Brasil, queridinho dos mercados, hoje é o patinho feio dos emergentes. E por aí vai. Desde a derrocada do comunismo soviético, os profetas do “fim da história”, como Francis Fukuyama, têm sido calados pelos fatos. Se considerar então o papel das redes sociais nas transformações e viradas de jogo, a estória está apenas começando. Nesses ciclos cada vez mais curtos, não se espante se a gente ver a China se transformando na maior democracia do planeta, com a fiscalização on-line de milhões de pessoas. Essa seria a mãe de todas as reviravoltas. Fonte: Correio Braziliense de hoje

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