Futuro agora

Por Sílvio Ribas Perguntado sobre quais cenários possíveis para o mundo e a humanidade em razão de novas descobertas científicas e de invenções, Albert Einstein, declarou: “Nunca penso no futuro, ele chega rápido demais”. Se tivermos um pouco de paciência para observar o que a tecnologia de ponta nos reserva para os próximos meses e anos, vamos perceber que a observação do gênio alemão está mais atual do que nunca. Basta lembrar que a telefonia móvel e a internet comercial sequer eram imaginadas pelos filmes futuristas até os anos 1980. A velocidade com que as novidades saem agora dos laboratórios para o cotidiano das massas tende a se acelerar mais. E, ao contrário da violência e da involução política nos quatro cantos do planeta, há nessas notícias curiosas chances para o otimismo. Causa um prazeroso espanto assistir vídeos curtos com robôs japoneses dançando, tocando trompete e subindo escadas. É animador saber do desenvolvimento de tecidos especiais para a indústria têxtil e de trajes esportivos com propriedades inéditas, como controle térmico e bacteriológico. Deixa-nos nas nuvens imaginar que a informática está embarcando em tudo, a ponto de se esperar cineminhas nos rótulos dos artigos de prateleira. Os dramas da poluição ambiental, da crescente escassez de água e da mobilidade urbana estão sendo desafiados pelos trabalhos de cientistas, em paralelo com o esforço de políticos e ativistas para tornar as massas mais conscientes sobre as posturas exigidas pelos maiores males da vida urbana moderna. Não tenho dúvida de que a reciclagem total de materiais e o reuso pleno dos recursos hídricos será uma realidade banal em até duas décadas. Meios de transporte velozes e equipamentos de saneamento baratos estão a caminho. O entusiasmo com o amanhã trazido pela ciência não nos permite, contudo, deixar de avaliar todos os potenciais riscos. O maior deles está na mudança extrema que a chamada impressão 3D reserva para a indústria, o consumo e os costumes. Houve visto como uma curiosidade meio mágica, com objetos e esculturas surgindo em nossa frente a partir de uma sequência de depósitos minúsculos feito por um braço mecânico, essa deve ser a porta para a nova forma de criar, confeccionar e distribuir produtos. Vai mudar tudo mesmo. No caso do Brasil, a preocupação está em fazer o espírito criativo do seu povo se integrar a essa onda de inovações, que está moldando a cara do século 21. Fonte: Correio Braziliense, 8 de janeiro de 2015.

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