Um trio nos planos de Dilma

Após dois dias de intensas conversas com os conselheiros políticos mais próximos, a presidente Dilma Rousseff chegou a um consenso em torno dos três principais nomes da equipe econômica de seu segundo mandato. Em reuniões com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o governador da Bahia, Jaques Wagner, e com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ela definiu uma solução destinada a eliminar as tensões que ainda pairam sobre o mercado financeiro, geradas pelas incertezas. A trinca seria encabeçada pelo presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, como novo ministro da Fazenda, ao lado de Alexandre Tombini, que continuaria à frente do Banco Central (BC), e de Nelson Barbosa, como titular do Ministério do Planejamento. O anúncio pode ser feito até amanhã, dependendo só do sinal verde de Trabuco, que já havia declinado no mês passado. A convergência em torno do executivo se dá pelo bom relacionamento que já tem com Lula e Dilma — é o único dos banqueiros com quem ela conversa com frequência. Em paralelo, ainda há uma resistência da presidente com o Itaú, visto como aliado de Marina Silva (PSB) nas eleições. Jaques Wagner já teria conseguido a manutenção de Jorge Hereda na presidência da Caixa Econômica Federal, tendo a seu favor o bom trânsito na Esplanada. O governador petista é visto como um apoiador de primeira hora da presidente, que conta com o trunfo da boa votação dela na Bahia. Para o Banco do Brasil (BB) também há dois nomes colocados na mesa, que vão depender da confirmação de Trabuco. O primeiro é Paulo Caffarelli, atual secretário executivo da Fazenda, com longo histórico no BB e considerado executivo bem preparado para a função. O outro é Alexandre Abreu, atual vice-presidente de Varejo da instituição. A seu favor, conta a boa relação com o mercado, sendo o representante dos bancos públicos na Febraban, entidade que representa o setor. Lula e Wagner insistiram com Dilma na urgência em se resolver a pendência em torno dos nomes dos titulares da economia para destinar todas as forças do governo ao enfrentamento da crise aberta pelas denúncias na Petrobras. A “limpeza” da agenda das questões econômicas foi apontada como fundamental para o Planalto reagir às pressões sofridas com o chamado petrolão e apresentar soluções contra a onda de corrupção. Prova de que o raciocínio estaria correto está no fato de a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) já ter acumulado dois dias de alta, justamente em razão dos bastidores em torno da escolha do ministro da Fazenda. E os nomes cogitados receberam uma espécie de aval prévio dos investidores. Dilma dissera que nomearia o sucessor de Mantega após voltar da cúpula do G20, que ocorreu na Austrália no último fim de semana. Ela voltou na segunda-feira e passou a maior parte de terça-feira com seu assessor mais próximo, Mercadante. Fonte: Correio Braziliense de 20 de novembro, quinta-feira.

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