Paul sem grilos

Sílvio Ribas Um jovem inglês de 70 anos pousou esta semana no cerrado goiano para relembrar a todos habitantes do mundo o quão importante é cada um celebrar e viver os próprios sonhos. No impecável show da última segunda-feira, presenciado por 40 mil fãs de todas as gerações e de diferentes origens, Paul McCartney transmitiu com canções e gestos simples mais de meio século de ensinamentos dos Beatles, maior grupo musical da história. “A vida é curta demais e não pode desperdiçar seu rico tempo com brigas e confusões” (I Feel Fine) é uma das minhas boas novas preferidas dos quatro fabulosos, recitada em Goiânia pelo mais produtivo evangelista pop. Foram muitas as lições presenteadas pelo autor de Yesterday, todas elas sutis mas altamente cativantes. Uma delas está na sua simpatia em respeitar e agradecer repetidamente ao público que o reverenciava naquela que foi a apresentação mais próxima de Brasília até agora. Outra está nos tributos sinceros que fez à memória de seus bons companheiros de trajetória, como os já falecidos beatles John Lennon e George Harrison e a eterna esposa Linda. Até mesmo a sua lendária guitarra, a mesma que usou em estúdio nos anos 1960, estava lá presente para ser homenageada. Como se não bastasse o seu espetáculo de primeiríssima linha, Paul comprovou ainda na prática que uma dieta balanceada, rotina e envolvimento com o trabalho, convívio familiar e espírito leve fazem muito bem à saúde física e mental. Sua longevidade só será menor que a de sua grandiosa obra, responsável por embalar o amor de milhões e tornar marcantes os seus momentos. Uma imagem do Estádio Serra Dourada que sintetiza essa vitória da tolerância e do bem querer herdados da filosofia beatle está no Harold, o grilo que não saía do ombro de Macca e mostrado por ele como o seu mais novo amiguinho. O desespero do ajudante de palco em conter os insetos que circulavam pelo palco atraídos pelos holofotes foi contido por um simples “tudo bem” (It’s OK) do artista. Ele não estava nada grilado com a situação. Pelo contrário, até se divertiu e, provavelmente, se lembrará para sempre dos goianos. Uma última dica: em vez dos tanques e caças, os regimes ditatoriais poderiam ser derrotados com trios elétricos armados com a música do quarteto de Liverpool. Thank you, sir Paul! Fonte: Correio Braziliense de hoje

Comentários

Nísio Teixeira disse…
Muito bom o texto Ribas, explorando bem o jogo de palavras. Perdi o show daqui, mas ganhei o de Goiânia!
(Ah, e bom saber que estamos considerando inclusive dietas e atividades em prol da longevidade)
abçs
Nísio
Beto Arreguy disse…
Tudo inribas, meu caro?
Curti o texto, bacana demais.
O show em BH foi amazing, emocionante e arrebatador. Deixou saudades e a esperança de que Paul volte a falar uai em breve. Pelo visto, em Goiânia as emoções foram semelhantes, não é?
Aquele abraço.
Beto Areguy