Adeus, doutor Rinaldo

Fui pego ontem de surpresa com a notícia da morte do engenheiro siderurgista Rinaldo Campos Soares, ex-(e eterno)presidente da Usiminas. O "doutor Rinaldo", como era chamado na ex-estatal que ajudou a privatizar, foi uma das mais importantes fontes para meu trabalho jornalístico em Minas Gerais, além de ser uma figura inspiradora. Um dos maiores executivos da história mineira e da siderurgia nacional. Transformou uma empresa já lucrativa do Sistema Siderbrás num grupo de alcance internacional e lucros cobiçados. Numa das últimas vezes que o entrevistei, lembro de ele ter topado fazer uma foto de macacão no meio dos operários de Ipatinga. Ele nunca tirava o pé da usina. Que Deus acolha esse homem de aço, o mais japonês dos brasileiros e o mais mineiro dos brasileiros.


NOTÍCIA NO VALOR (25/04/11)
O ex-presidente da Usiminas Rinaldo Campos Soares faleceu na quinta-feira, dia 21, em Belo Horizonte (MG), aos 72 anos, em decorrência de câncer. Soares ingressou na companhia siderúrgica em 1971, na função de assessor do departamento de engenharia industrial e deixou a empresa em 2008, após permanecer por 18 anos no comando da companhia.

Em nota de pesar, o atual presidente da Usiminas, Wilson Brumer, lembrou que processos importantes envolvendo a siderúrgica, como sua privatização e a consolidação da Cosipa – outra estatal adquirida em 1993 -, foram conduzidos durante a gestão de Soares como “inegável êxito, contribuindo para tornar a Usiminas o maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina.”

Soares nasceu no município mineiro de Divinópolis em 17 de junho de 1938 e formou-se engenheiro de Minas e Metalurgia na Escola de Minas de Ouro Preto, na turma de 1963. Doutor em Metalurgia pela Universidade de Paris, tornou-se cônsul geral honorário do Japão, em 1999, por designação do governo japonês, e acumulou diversas funções em entidades que representam o setor no país. ”Certamente, seu legado permanecerá expresso em nossas usinas, fábricas e escritórios, e também nas comunidades onde a empresa se faz presente”, afirmou Brumer.

Por duas vezes, Soares presidiu o antigo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), atual Instituto Aço Brasil, e por longa data foi conselheiro da Confab Industrial, fabricante de tubos pertencente ao grupo argentino Techint. Ao deixar a presidência da Usiminas, o executivo foi indicado membro do conselho de administração da empresa, representando a Caixa dos Empregados (CEU), dona de 10,1% do capital votante da siderúrgica. Ficou no cargo até o fim de abril de 2010.

O executivo descobriu a doença, um câncer no rim, em outubro, durante uma viagem de férias na Europa. Após intenso tratamento, no Brasil e EUA, no dia 14 foi internado em um hospital de Belo Horizonte (MG). “O setor deve muito a ele, principalmente a Usiminas, a quem dedicou a maior parte de sua vida profissional”, afirmou Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) e ex-presidente da Rio Negro, empresa que foi controlada da Usiminas.

O corpo de Soares foi velado na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) na quinta-feira à tarde e levado para Ipatinga, onde está a principal usina da Usiminas, no início da noite. Lá foi velado durante até sexta-feira metade do dia, quando retornou para a capital mineira, onde foi cremado.

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