Mineiros de Jobim

Sempre repito com ardor bairrista que, se o maestro soberano Antonio Carlos Jobim tivesse nascido em Minas, poderia dizer com todo o orgulho do mundo que os três maiores gênios do Brasil seriam mineiros. Ele, juntamente com Pelé (o Edson) e Alberto Santos Dummont, formaria o trio mais influente vindo do berço esplêndido. Por feliz coincidência, topei esta manhã com um vídeo curtinho na web (G1), um trecho de um documentário sobre o autor de músicas clássicas da Bossa Nova, no qual o próprio se dizia um apaixonado pela obra de dois mineiros das letras, os maiores da prosa (João Guimarães Rosa) e da poesia (Carlos Drummond de Andrade). Ele se confessava influenciado por eles e acreditava inspiração nesses homens e na terra desses homens para compor Matita Perê. O famoso "É pau, é pedra..." teria matéria-prima extraída da Minas profunda. Lá vem o meu bairrismo de novo. E pra fechar, ainda ouço naquele citado vídeo um Jobim cinquentão recitando versos belíssimos de Drummond, em homenagem ao bardo de Itabira:

"Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega."


Comentário de Jorge Fernando dos Santos: "Era tudo verdade. Rosa, Drummond e Paulo Mendes Campos eram os autores preferidos do Tom".

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