Curvelo por Audálio Dantas
“Tempo de reportagem: Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” (Leya, 2012), livro do premiado jornalista alagoano Audálio Dantas (1929-2018), compila grandes 13 reportagens dele. Entre elas está a “Oh, Minas Gerais!”, publicada no número 47 da revista Realidade, de janeiro de 1970. O texto do brilhante repórter narra em detalhes a vida cotidiana de CURVELO no ano do tricampeonato de futebol. Ele também faz notas pessoais sobre sua investida no sertão mineiro. Veja o trecho:
“Em Curvelo, a praça
moderna, com monumento, concha acústica, laguinho, fonte luminosa e tudo mais,
é um orgulho para os 43.000 habitantes. (...) A meninada aderiu à minissaia e
até ao biquíni. E tem uma boate, o Caldeirão, que ferve à noite e dá uma
concorrida vesperal aos domingos, para a turma que não consegue autorização dos
pais para a esticada noturna. Quem inventou o Caldeirão foi Ernesto Ricardo,
dentista, diretor de clube, jornalista, promotor de concursos de miss e dono de
um time de futebol de salão. Ele está empenhado em mostrar que a juventude
local está apta a acompanhar a evolução do mundo”.
Em 1975, Audálio deixou as redações para assumir a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Naquele momento, iniciava-se o percurso do protagonista da História, na denúncia corajosa do assassinato do jornalista Vladimir Herzog pela ditadura militar, e praticamente se interrompia a carreira de um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros.
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