A vida é um plano B


“As coisas não serão do jeito que deseja e concessões terão de ser feitas. Isso não é motivo de decepção, porque o que está em jogo é o equilíbrio, e não a vitória ou a derrota”. O recado do astrólogo Quiroga postada ontem para os sagitarianos expõe algo que matuto há anos. Lutamos todo dia para conquistar o que desejamos ou que nos parece ser o melhor para nós. A vida, contudo, nos impõe ajustes para apontar limites e contemplar outros.

Sim. Devemos perseguir os nossos sonhos, porque realizá-los nos enche de alegria e de significado. Não desista deles. Mas igualmente importante é ter flexibilidade para acolher o bom no lugar do ótimo, para esperar um pouco mais pela nossa vez e para compreender o valor da metade vazia do copo meio cheio. Além disso, grandes realizações da nossa existência são fruto do acaso e, por isso, é bom estar sempre aberto para as dádivas do céu.

Recomendado pela escola de meu filho, o best-seller internacional O andar do bêbado, do físico e matemático Leonard Mlodinow, aprofunda de forma consistente esta questão dos imprevistos moldando o nosso destino. Ele lista inúmeros exemplos do quanto não estamos prontos para lidar com o aleatório, de sucessos de bilheteria no cinema a resultados eleitorais. Com isso, evidencia que não nos damos conta de como o acaso afeta nossa vida. 

Os processos aleatórios são essenciais na natureza e onipresentes em nosso cotidiano. Mesmo assim, a maioria de nós crê na possibilidade de a tudo controlar. Tudo é uma questão de decidir, influir, empenhar e coletar os frutos dessas investidas com sabedoria e gratidão. Se a vida não se torna o Plano A que traçamos, não precisa também ser visto como Lado B. Como cantava o saudoso Erasmo Carlos, você pode escolher. É preciso saber viver.

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