Fight! Marina versus Dilma

Por Sílvio Ribas O confronto verbal estampado nas páginas dos jornais está longe de ser apenas fruto de ideias divergentes. A presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva adiantam nos últimos dias o elevado nível de tensão que marcará a campanha eleitoral de 2014. Marina acusa Dilma de não ter uma marca da gestão, e a presidente rebate mandando ela e os outros pré-candidatos estudarem. A maior líder ecológica do Brasil ataca a política econômica da ex-colega de ministério e é retribuída com outro golpe de esquerda. O que está por trás desse ensaio quente de um debate em horário nobre da tevê, comparável àqueles antológicos protagonizados por Mário Covas e Paulo Maluf na disputa pelo governo paulista? Seria o ressentimento recíproco? Pode ser. A briga entre essas duas brasileiras superpoderosas tem lá suas razões pessoais. Desde que a então chefe da Casa Civil interditou iniciativas da ex-ministra do Meio Ambiente, dona de prestígio internacional, Dilma viu Marina virar sua rival na vida pública. Apesar de parecer algo pequeno, a colisão frontal das duas pode até ser benéfica para o país, à medida que extrapola o artificial roteiro traçado pelos marqueteiros. A chefe do Executivo já está viajando mais, cumprimentando o povo nas ruas e palpitando sobre assuntos informais, como futebol e folclore urbano. Mas quando é cutucada por "aquela lá", não consegue se segurar e acaba voltando a ser a verdadeira durona que não aceita petulâncias. A mentora do Rede Sustentabilidade, por sua vez, alia bandeiras planetárias e a revolta das ruas ao desejo íntimo de contestar a ex-companheira de PT. Desde a eleição de 2010, Dilma e os líderes petistas preferem participar de um pleito plebiscitário com os tucanos no segundo turno ou, melhor ainda, levar tudo no primeiro turno. Tudo para evitar atritos entre desafetas ilustres e as verdades de cada uma. A tendência agora é de que o repetido enfrentamento entre heranças malditas e benditas de cada lado predominante nos últimos 18 anos não domine o marketing das candidaturas. Os jovens governadores e presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), chefes de suas legendas, estão na corrida para o Planalto em meio à disputa pessoal dos outros dois nomes-chaves. Herdeiros dos ícones históricos Tancredo Neves e Miguel Arraes, os dois terão o papel de renovar a lógica da política nacional, desvirtuada pelo populismo e pelo conchavo, tão logo a poeira abaixe. Fonte: publicado no Correio Braziliense de hoje com o título "Disputa pessoal"

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