Ana C, ACC, ACCC, A3C...

Da imortal Ana Cristina Cruz César


















olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas


Fonte: "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 249, seleção de Ítalo Moriconi

16 de junho
"Decido escrever um romance. Personagens: a Grande Escritora de Grandes Olhos Pardos, mulher farpada e apaixonada. O fotógrafo feio e fino que me vê pronta e prosa de lápis comprido inventando a ilha perdida do prazer. O livrinho que sumiu atrás da estante que morava na parede do quarto que cabia no labirinto cego que o coelho pensante conhecia e conhecia e conhecia. Nessa altura eu tinha um quarto só para mim com janela de correr narcisos e era atacada de noite pela fome tenra que papai me deu".

Comentários