Chove em Paris


Nos meus primeiros anos de Sampa morei (e vivi) num aconchegante apartamento de dois quartos na Princesa Isabel, uma simpática rua do Brooklin. No corredor para a escada e os elevadores, que dava para a porta da minha única vizinha de andar, uma gentil senhora portuguesa, havia um quadro com uma gravura.

O adorno era a reprodução de um quadro sob o título de Paris Sous La Pluei (Paris sob a chuva). Infelizmente, o nome do artista me escapa. O fato é que recordo vividamente daquela paisagem encantadora da Cidade Luz. Já havia visitado a capital francesa em 1996, três anos antes de chegar à terra da garoa e de cruzar todo dia com aquela janela para uma paisagem nublada e colorida. O quadro só dava mais saudade e mais vontade de embarcar no primeiro voo.

Não me recordo mais porque tive uma única discussão com a moradora da frente, muito menos do nome dela. Não sei ao certo como era a moldura do quadro, mas tenho a impressão de que era branca e com detalhes em relevo. Não tenho também certeza se cheguei a fotografar com máquina analógica aquele artigo de decoração da área comum do condomínio mais próxima. De todo jeito, até hoje aquelas pinceladas vêm me visitar quando os temas França, Paris, viagens e artes plásticas surge nas conversas.

Elas também emergem em devaneios das horas vagas. Já voltei a Paris outras vezes, seja a trabalho ou em turismo, com visita de alguns dias ou só de algumas horas, em conexão para outros destinos. É mesmo uma festa, Hemingway. Seja lá ou cá, Paris sempre precipitará em mim gotas inspiradoras daquela pintura e respingará emoções em madeleines como estas.


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