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Mostrando postagens de dezembro, 2023

2024: Esperança versus Vingança

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De um diálogo de programa infantil da TV Cultura pesquei uma frase que iluminou meus pensamentos. Ao concluir o quadro, o personagem proclamou a sabedoria de que "aliança impulsiona progresso, enquanto vingança conduz a retrocesso". É isso! Esperança rima muito mais com aliança do que com vingança. Num mundo assolado por guerras comerciais e bélicas, tanto frias quanto quentes, e em um país marcado por profundas divisões políticas e ideológicas, é crucial encontrar refúgio para nutrir a tal da esperança. Sem ela, tudo se desgasta, implode e vira cinzas. A política, antes de se tornar a arena da contenda entre visões opostas e uma alternativa civilizada para confrontos mortais de desacordos, é também a busca pelo bem comum, um esforço de conciliação em torno do que deveria unir a todos. Democracia é sinônimo de tolerância, liberdade de expressão e respeito coletivo pelas individualidades. Tudo o que se opõe a isso, mesmo sob a bandeira da liberdade e da democracia, age como ve...

Quatro dígitos, mil telefonemas

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  A ficha caiu para mim quando, vasculhando documentos antigos em meus arquivos, me deparei com o aviso mimeografado da companhia telefônica que atuava em Curvelo (MG), datado de 1966. Aquela verdadeira relíquia me fez perceber quão fantástica foi a revolução nas telecomunicações que testemunhamos ao longo das últimas décadas. Telefonar era explorar. No início, os nossos lares eram identificados no catálogo da cidade por apenas quatro números. Depois, vieram os três do prefixo (721) e, apenas mais recentemente, o algarismo 3 foi adicionado antes de tudo. O aparelho vinha da operadora da telefonia fixa, sempre na cor preta. Aquele artigo pesadão e imponente tornava nobre o seu canto na casa. Trim-trim-trim! Durante os anos 1970 e 1980, durante a minha doce infância no sertão mineiro, o confiável telefone da estatal Telemig representava a tecnologia mais moderna e mais próxima para nossos contatos à distância por voz. Era algo muito distante da onipresença dos smartphones nos dia...

Sujismundo em Inimutaba

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Lembro do simpático Sujismundo não pelos comerciais da tevê, mas pela sua imagem pintada nos cestos de lixo da Praça Central de Inimutaba, cidade vizinha de minha Curvelo (MG), aonde íamos com a família tomar sorvete ou visitar um açougueiro amigo de meu pai. Criado em 1971 pelo publicitário Ruy Perotti Barbosa para uma campanha do Ministério da Saúde voltada à limpeza urbana, o personagem não tomava banho, vivia rodeado de mosquitos e tinha o mau hábito de jogar papel na rua. Com o slogan “Povo desenvolvido é povo limpo”, ele servia como exemplo de comportamento a ser condenado. Acho que também tinha uma mensagem do tipo “cidade limpa é a que se suja menos”. Exibido em comerciais animados de 60 segundos, entre 1971 e 1972, Sujismundo tornou-se tão popular que acabou gerando dúvidas sobre a sua eficiência. Sua irresistível simpatia parecia incentivar a sujeira ao invés de combatê-la, diziam alguns. Outro caso semelhante foi o da baratinha do Rodox, com muita gente solidária na agon...

Chove em Paris

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Nos meus primeiros anos de Sampa morei (e vivi) num aconchegante apartamento de dois quartos na Princesa Isabel, uma simpática rua do Brooklin. No corredor para a escada e os elevadores, que dava para a porta da minha única vizinha de andar, uma gentil senhora portuguesa, havia um quadro com uma gravura. O adorno era a reprodução de um quadro sob o título de Paris Sous La Pluei (Paris sob a chuva). Infelizmente, o nome do artista me escapa. O fato é que recordo vividamente daquela paisagem encantadora da Cidade Luz. Já havia visitado a capital francesa em 1996, três anos antes de chegar à terra da garoa e de cruzar todo dia com aquela janela para uma paisagem nublada e colorida. O quadro só dava mais saudade e mais vontade de embarcar no primeiro voo. Não me recordo mais porque tive uma única discussão com a moradora da frente, muito menos do nome dela. Não sei ao certo como era a moldura do quadro, mas tenho a impressão de que era branca e com detalhes em relevo. Não tenho também ...

A dança da zebrinha

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Inesquecíveis são os brinquedinhos de madeira ou plástico articulados e controlados por elásticos internos. Com certa prática é possível fazer a zebrinha, a vaquinha e a girafinha serem trazidas à vida.  Tal qual uma marionete, esses bonequinhos se movimentam perfeitamente. Como não recordar de meus tempos de menino em Curvelo (MG), quando sentia a alegria de ver esses pequenos bonequinhos dançarem habilidosamente sobre um barril? Uma verdadeira arte lúdica em miniatura! É interessante notar que, além das versões mais tradicionais, havia até mesmo opções politicamente incorretas, como os bonecos retratando defuntos que se levantavam de caixões. Também tinham aqueles trapezistas que ficavam rodopiando entre duas hastes de madeira, bastando apertar a base delas. Essas peças são uma curiosa expressão da diversidade de brinquedos da boa época, que nos faz refletir nos dias de hoje sobre as mudanças nos padrões sociais. Os colecionadores certamente apreciam a singularidade desses ar...