Virar a página

A Câmara dos Deputados deu uma contribuição significativa para que se inicie um novo tempo no Brasil. Os deputados de diversos partidos caminham para colocar juntos um ponto final em um período de graves perdas econômicas e sociais para o país, virando uma página amarga da história. Logo após a confirmação desse momento alvissareiro, também seremos todos convidados a começar a escrever um roteiro diferente, o roteiro de superação.

Seremos honrados com a chance de pintar um outro cenário, bem diferente do atual, com as cores da esperança. Sim, meus amigos, a hora é de se abrir alas ao otimismo, de escancarar as janelas para a boa vontade e de dar a prevalência necessária ao espírito público.

Depois de quase dois anos de uma longa agonia provocada pelo impasse político instalado desde a campanha presidencial de 2014, a grande maioria dos representantes do povo na Câmara dos Deputados cumprirá o seu papel constitucional, encaminhando uma saída para o que nos aflige a todos.

O momento é de começar a remover os destroços produzidos ao longo de meses e que ainda nos infelicita para começar a trabalhar pelo luminoso amanhã que está chegando. Tal qual ensinam os pensadores, logo depois do término da hora mais escura da noite, começa a raiar o novo dia.

E nesse dia que se avizinha, que surgirá após a triste passagem da senhora Dilma Rousseff pela Presidência da República, começaremos a vislumbrar frutos de boas sementes a serem lançadas nesse chão. Teremos um recomeço ainda marcado por muitos desafios, mas repleto de oportunidades e grávido da esperança de dezenas de milhões de brasileiros.

A pouco mais de um mês, no último dia 13 de março, o Brasil assistiu à maior manifestação popular da história, que tomou as ruas de Norte a Sul, expressando o desejo pelo fim de um ciclo inglório e o começo de uma nova era, com paz e bem-estar para todos. A vitória dos defensores do processo de impedimento é, pois, a vitória das ruas. Mas também é a demarcação entre um passado dolorido e um futuro onde os sonhos poderão voltar a fazer parte de nossas vidas.

Tomara que seja o começo da nossa limpeza ética e da nossa luta pela retomada imediata da nossa dignidade arranhada, dos nossos direitos agredidos e do nosso respeito esquecido. Tomara que os sonhos voltem a inspirar nossas ideias e a embalar nossos gestos.

Se quisermos um futuro melhor para os nossos filhos e netos, nós teremos de assumir responsabilidades imediatamente, com a clara intenção de arregaçar mangas e desarmar animosidades. É uma reconstrução coletiva, cuja largada se dará a partir de firmes e elevados propósitos.

Dias melhores virão. Não tenho qualquer dúvida sobre isso. Precisamos todos nos fiar nessa crença, de que reencontraremos o caminho do crescimento e da justiça social. A prosperidade é um estado de espírito que não combina com os pessimistas.

Que o Congresso Nacional e o Poder Executivo, logo mais adiante, cumpram a sua missão mais nobre, a de devolver à sociedade a crença de que vamos caminhar para o equilíbrio, deixando o tempo de turbulências para trás.

É claro que o país não vai mudar da noite para o dia. A realidade continuará a nos cobrar reação, medidas duras de ajuste terão de ser adotadas, reformas estruturais terão de ser iniciadas e o diálogo terá de ser exercitado como nunca neste país.

Mas o Brasil pode mudar sim, logo nas primeiras horas da segunda-feira, do dia seguinte à votação histórica do impeachment, se aqueles que saíram às ruas mantiverem a convicção de que a mudança de governo é um passo importante para superar nossas angústias, mas apenas o primeiro passo.

A maior mudança virá mesmo na cultura a advir desse pós-impeachment. Mudará o nosso modo de pensar, perderá as formas arcaicas de se fazer política, para não permitir que o conchavo, as negociatas e a corrupção partidária encontrem espaços para perpetuarem.

O Brasil novo saberá honrar os seus filhos. E os governantes e os políticos em geral, espero eu, terão parâmetros ainda mais cristalizados a balizar seus atos, com ética, com respeito ao dinheiro do público e com a coragem de decidir em favor do melhor para o país e para toda a população.

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