Vento a favor das eólicas


SÍLVIO RIBAS*
Água Doce (SC) — Entre o azul do céu e os verdes campos de soja de Água Doce (SC) se erguem 86 torres de geradores eólicos de 100 metros, capazes de gerar eletricidade para até mil famílias de classe média. Nesta área de 200 metros quadrados, divida em seis propriedades rurais, funciona desde o mês passado o maior parque eólico. Com investimento de R$ 1,3 bilhão, o projeto da multinacional argentina IMPSA também vem acompanhado de um esforço para fazer decolar no país uma indústria nacional de aerogeradores.
O total de parques eólicos no país saiu de 33 em 2009 para os atuais 71 em nove estados, com investimentos de R$ 8 bilhões. Os parques que já operam têm potencial para gerar 1,47 GW por ano e embora a energia eólica venha sendo testada há décadas no país, ainda é considera novidade desde sua estréia oficial, em 2004. Com leilões realizados desde 2009, o governo já contratou quase 3GW para os próximos cinco anos. Até 2016, a expectativa é de que outros 218 parques sejam inplantados, acrescentando mais 8GW. O número é 5,5 vezes maior do que a capacidade atual e implicará em mais US$ 12 bilhões em investimentos. Mesmo assim, o Brasil continuará longe de atingir todo potencial estimado de geração eólica, de 350 gigawatts (GW) anuais, o dobro da demanda atual.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, avalia que o Brasil consolidou o setor em 2011, avança este ano como fabricante de geradores e caminha nos próximos anos para se tornar uma das líderes mundiais em eletricidade dos ventos. De acordo com a Abeeólica, existem 11 fabricantes de geradores. Além disso, a entidade estima que a participação de setor na matriz energética salte dos apenas 1,3% para 5,6% até 2014. “É um crescimento considerável se considerar ser uma tecnologia nova. Trata-se não só de fonte limpa e renovável, mas também competitiva”, explica.
Os ventos sobre o Brasil têm como característica geral a intensidade e a constância, uma vantagem competitiva sobre outros países ao diluir os custos do investimento. Em alguns locais, o grau de aproveitamento pode chegar a 50% na média, acima do índice europeu, de 32%. Enquanto o megawatt/hora eólico está cotado em R$ 105 no Brasil, na Europa chega s R$ 300. Segundo a Abeeólica, a geração geração eólica já é a segunda mais barata, perdendo só para a hidráulica, de R$ 80 a R$ 90 por quilowatt/hora (KW/h).

* O repórter viajou a convite da IMPSA Brasil

PS: Publicado no Correio Braziliense de hoje

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