Presente de um amigo

Sílvio
por Martinary (Ary Martins)

Não... ninguém imagina os seus pensamentos,
Na consciência bela e reflexos modestos.
Numa imaginação sem envaidecimentos,
Que se perdem sem fim dentre os seus gestos,
Expressos em seus modos de tudo dizer,
Em recato o seu não... não tão habitual,
Quando em verdade sim, é este o seu dizer.

E como quer dizer... dizer só a verdade,
Pois jornalista é, em sã predileção
Pra nunca dizer não... em jornal da cidade,
Mas há sempre a lacuna, pra se dizer não...
Talvez um não amigo e cheio de oferendas,
Que também serão elas, belas sem igual.
Pois na igualdade amiga, estão suas agendas.

Agendas que se vão na rota infinita,
Mover os pensamentos para um renascer,
Ou talvez o nascer da sua bela dita,
Do mundo procurado para se viver,
E ir na reta infinita em marcha crescente,
Mostra o seu luzente arco-íris formal,
Na sua cor modesta, firme e inteligente.

Rota do arco-íris de chuva sem sol,
Na exoticidade para a evolução,
Super, super selecta no seu arrebal,
Que ilumina também, nas bandas do sertão,
A glória paterna onde o belo exalta,
Na comprovação vista em seu belo ideal,
No teatro da vida em sua ribalta.

Ésse C. Erre e Ésse são iniciais,
Que representam bem Sílvio C. Ribas de Souza,
Letras pra conservarem dentre aos seus anais
A honra do nome que no homem repousa
Que lhe ponha na luz de seu sol triunfal,
Pra que sempre em si pinte a dita sincera,
Em nega à decadência e também quimera.

E assim, na verdade, também direi não...
Um não tão alongado para jamais ter fim,
Ou coisa parecida sem aberração,
Pois nunca nego um não... ao ver nele um sim,
Nesta história de nega onde nada é negado.
Quando existe a verdade que o não não faz mal.
Pra que sempre haja um não, quando é não descartado.

Belo Horizonte, 27/06/94

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