Ensaio esquecido


“Quantas vezes vamos lembrar de uma lua cheia que vimos na infância? Era tão importante, que não imaginávamos nossa vida sem ela. Umas três ou quatro vezes. Ainda assim, tudo nos parece interminável”. (O Céu que Nos Protege, dirigido por Bertolucci)



Sobre a paixão
Sílvio Ribas

A forma como se processa a paixão nas pessoas é um mistério. Certamente não é algo que passa pelo racional. Apenas é. Cientistas identificam áreas no cérebro onde brota o amor louco e repentino por alguém; psicanalistas descrevem congruências de símbolos que fazem um indivíduo cobiçar outro; espiritualistas e místicos enxergam relações seculares entre dois espíritos... Seja no coração ou na cabeça, no corpo ou na alma, a paixão alegra e entristece o homem.

A história da humanidade está pontilhada desde os mais remotos registros de grandes eventos marcados pela paixão. Exércitos lançam-se em guerra em razão do ardoroso sentimento de um homem por uma mulher, gênios das artes edificam obras-primas em homenagem a ídolos amoroso e seres frágeis se tornam fortes e obstinados por um ideal de felicidade a dois.

Seja à primeira vez, seja à milésima vez, um detalhe pode detonar uma onda quente de hormônios em nossos vasos sanguíneos. O ridículo, o exagero e, por fim, a obsessão são riscos para os mais desavisados. No olhar revelador, o desejo mais amplo. Quero o comprometimento e cumprir meu ideal de exclusividade, atenção e dedicação. (texto escrito em 1995)

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