Lições de jornalismo investigativo

A seguir alguns apontamentos meus sobre o livro A Ética da Maladragem, de Lúcio Vaz, com as 20 dicas dele para se realizar no jornalismo investigativo.

1) A cobertura do Congresso Nacional precisa ir além dos gabinetes e plenários. A busca pela notícia deve avançar pelos corredores, pelas salas de cafezinho, elevadores, escadas, reuniões de políticos dentro e fora do prédio, até chegar ao submundo do Parlamento.

2) A lista de fontes das reportagens precisa ir além dos líderes partidários, cardeais do Alto Clero, dos políticos mais atuantes e notáveis. Os congressistas sem expressão, do Baixo Clero, podem ser boas fontes.

3) É preciso saber blefar, como dizer que já se tem algo apurado ou se passar por um terceiro envolvido no caso, para conseguir depoimentos e documentos.

4) É bom ter uma rede permanente de informantes.

5) Ao iniciar uma reportagem, é preciso primeiramente estabelecer uma linha de investigação, podendo alterá-la conforme o resultado das apurações.

6) Saber quem defende o quê, qual a bancada temática do parlamentar, onde sua atuação parlamentar costuma ser mais forte que a partidária e o a regionalista.

Conhecer essas bancadas, como a ruralista, a feminista, a dos servidores etc.
7) Usar todos os recursos para obter informação que dispuser.

8) Estabelecer contatos informais com as fontes, fora do contexto profissional, como coquetéis, peladas, festas e jantares.

9) Descobrir novos bancos de dados e fontes, como a biblioteca da Câmara, Siafi (siafeiros), Diário do Congresso, boletim administrativo e boletim informativo da Câmara.

10) Acompanhar as agendas do Congresso, dos partidos e a tramitação de leis.

11) Deixar e anotar ou gravar algumas vezes como forma de deixar a fonte mais à vontade, dando corda para que revele mais dados ou detalhes.

12) Buscar ter acesso à informação de caráter confidencial.

13) Saber que a maioria dos parlamentares usa o voto como moeda de troca, que o fisiologismo político domina, que legislam em causa própria e negociam tudo, de mandato e mudança de legenda a gabinete e empregos no Congresso.

14) Relaxe de vez em quando. É bom fazer uma parada entre uma apuração e outra para brincar com a situação tensa e não se desgastar com ela.

15) Garantir provas materiais para sustentar a manchete: depósitos bancários, ordens bancárias (OB), gravação de conversas, imagens de vídeo, entrevista anotada, registro fotográfico próprio ou de terceiros, material de arquivo etc.

16) Saber quais são as brigas paroquiais (no estado) do parlamentar em Brasília.

17) Aproveitar as vantagens da informática para cruzar e compilar dados. Se precisar de ajuda especializada, busque.

18) Terceirizar a investigação com especialistas de áreas específicas, caso precise.

19) Combinar informações para obter novas. É a forma de saber o interesse oculto de gestos ou palavras de parlamentares, motivado por empréstimos, financiamentos de campanha eleitoral, dívidas etc.

20) Saber que a melhor fonte é a oposição, o rival político de quem se quer saber mais.

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