Reflexões outonais

Sílvio Ribas No dia em que escrevo este texto, 11 de outubro de 2025, um sábado, constato ter vivido 20.387 dias — o equivalente a 489.288 horas, 29.357.280 minutos ou 1.761.436.800 segundos. Tantos instantes, somados e diluídos em quase 56 anos, compõem uma existência em plena curva de maturação, num ponto em que o tempo já não se mede só pelo que se vive, mas pelo que ainda se pode fazer valer. Ao dividir a vida em três etapas de aproximadamente 27 anos — número que, não por acaso, marcou a partida precoce de tantos ídolos — percebo-me adentrando o último terço da jornada. É o território dos “finalmentes”, como diria um poeta mineiro, mas ainda fértil para semear novos sonhos e projetos. O ideal teria sido colher em abundância o que se plantou nas fases anteriores, mas o outono, ainda que tardio, também é tempo de colheita. A diferença é que o fruto já vem acompanhado de reflexão e moderação, e o prazer de saboreá-lo se mistura à consciência de que as estações não são i...