A humanidade dos cães

Sílvio Ribas 

É um paradoxo. Se o melhor amigo do homem pudesse falar, talvez dissesse: “esses humanos são desumanos”. Foram os cães a primeira espécie animal lançada ao espaço e, muito provavelmente, serão também os únicos, além dos próprios homo sapiens, a seguir com eles rumo às estrelas, quando a saída da Terra estiver aberta em busca de novos lares no Cosmo.

Enquanto isso não acontece, nossa convivência diária com esses seres terrestres de quatro patas deveria ser um atestado do que nos falta para sermos mais nobres, como a maioria deles é. A fidelidade canina é quase impossível de replicar entre nós. O carinho, a atenção e a tolerância da maioria das raças para conosco são tão cativantes que deveriam servir de modelo, sobretudo no trato com os mais frágeis — crianças, idosos, enfermos e pessoas com deficiência.

Confesso que só despertei para a companhia e a interação com os cachorros já na vida adulta, apresentado a eles por minha companheira e cultivado em família. Toby, Bob, Lola e Nonô me ensinaram que olhares e gestos simples de compaixão dizem mais do que muitas palavras. Que afeto incondicional é coisa de seres divinos, ainda que chamados irracionais.

Na humanidade desses lobos domesticados percebo algo até espiritual. As histórias são muitas: cães que choram a perda dos donos, que acariciam barrigas de grávidas humanas, que esperam no mesmo local e na mesma hora pelo retorno de alguém que jamais voltará, que explodem de alegria ao reencontrar quem esteve ausente. Deus abençoe os homens e também os animais que colocou ao lado deles para lembrá-los Dele, com D maiúsculo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guerra fiscal

Crise antevista

A pioneira TV Itacolomi