Pegadas na areia
Sílvio Ribas Quando menino em Curvelo (MG), lá nos anos 1970, numa época em que rádio e conversas na rua eram mensageiros ágeis das novidades, o mundo era outro. Bem diferente. Sem celulares e conexão online, os textos curtos e populares não chegavam em telinhas cintilantes, mas por meio de cópias mimeografadas, recortes de jornal e anotações caprichadas em cadernos. Eles eram difundidos também em voz alta nas reuniões de família, em eventos sociais e nas missas. Um desses breves escritos que jamais deixou de ressoar na minha cabeça foi o poema “Pegadas na Areia”, de autor desconhecido. Em marcador de livros, santinhos distribuídos na paróquia e quadros de aviso, a história conta o sonho de alguém conversando com Jesus no Céu sobre a sua trajetória na vida terrena, ilustrada por uma caminhada dos dois por uma praia. Aquelas linhas cativaram muita gente. O desfecho inusitado da narrativa, consagrando a misericórdia divina com uma belíssima metáfora, me pareceu sin...