Robô talentoso?


Era o último espanto digital que faltava. Programas informatizados capazes de criar belíssimas fotografias, pinturas e canções a partir de uma simples frase. O realismo e a sofisticação desses trabalhos impressionam tanto que até já despertam o velho temor retratado pela ficção científica em torno da ameaça de robôs conscientes à dominância do Homo Sapiens no planeta.

A questão que suscita as especulações sobre uma distopia do amanhã é se as máquinas substituirão o ser humano até mesmo na criatividade artística, criando novas estéticas e linguagens e, por fim, imaginando realidades. O nosso talento, que julgávamos insubstituível, estaria próximo de concorrer com um talento de inteligência artificial (IA)? Quem seria o mais talentoso?

Como prévia de debate de incomum profundidade, recentemente houve a polêmica envolvendo o artista americano Jason Allen, que ganhou concurso de desenho no Colorado usando apenas uma ferramenta de IA. Antes disso, houve composições musicais geradas por algoritmos e até escritos criativos. E mais recentemente, empresários do K-Pop investem em bandas virtuais.

Nada pode substituir o brilho humano. Esse é um dos mantras para entoar. Digo isso porque ainda creio na tecnologia como ferramenta para expandir as habilidades das pessoas. O inventivo bilionário Elon Musk, por exemplo, investe em humanoides para servirem como acompanhantes de idosos e, também, em implante de chip cerebral, por crer no valor da humanidade.

Como epílogo, quero resgatar as palavras finais de Stephen Hawking (1942-2018), alertando para o perigo da IA. Talvez não estivesse fazendo previsão apocalíptica, mas ponderando contra o superestimado valor dado a robôs. Dessa lucidez do genial físico britânico extraímos alentadora verdade: o diferencial está na mão humana detrás da mão robótica a segurar o pincel.

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