Você se sente suficiente? O exemplo de Jim Carrey

Dia desses fui impactado por recente vídeo do ator canadense Jim Carrey, naturalmente viralizado, no qual responde numa entrevista à insistente pergunta se está mesmo se aposentando aos 60 anos. O astro do cinema resumiu a decisão na seguinte frase: “Tenho o bastante, fiz o bastante, sou o bastante”. O intérprete genial de personagens inesquecíveis revelou aí o ideal de paz interior perseguido por todos nós, conscientemente ou não.

Nos últimos anos, após confessar publicamente ter sofrido com a depressão, Jim buscou formas de evoluir pessoal e espiritualmente e se distanciar dos males psíquicos que acometem celebridades, como vício por holofotes e crises de identidade ou de propósito de vida. O esforço por autoconhecimento, o desejo de curtir as coisas simples e verdadeiras e a compreensão da necessidade de desacelerar o entorno para ter foco no real o tornaram “suficiente”.

É interessante ouvir de alguém tão talentoso e ainda vigoroso no físico e na mente dizer que o tempo de plantar acabou, que pode ser mais seletivo na agenda e que se permitirá ser ele mesmo. A nossa cultura costuma tachar de derrotado ou acomodado quem “desiste” de continuar no palco ou no ringue, por mais vitórias que tenha acumulado. Mas a reflexão que o não-apenas-cômico Jim propõe é examinar até onde a sanha por sucesso deixa de ser virtude e vira obsessão.

O ser humano é um bicho insaciável, intimamente incompleto e eternamente insatisfeito. Como muito bem nos lembra a letra de Comida, dos Titãs, a gente não quer só comida. A gente também quer diversão, prazer, dinheiro, felicidade, saída para qualquer parte e o inteiro – e não a metade. A canção nos ensina até que deveríamos olhar no espelho e perguntar antes de atacar a geladeira querendo compensar frustrações: “você tem fome de quê?”

Para encerrar essa alegoria, indico outro vídeo curto que circula pelas redes. Ele mostra o quão revigorante pode ser alguém ouvir de um estranho na rua que “não se sinta insuficiente nunca, pois você é, sim, suficiente”. Essa paz não virá se desistirmos de sonhos ou se jogarmos a toalha diante dos obstáculos. A paz pode ser a sua companheira de viagem se tiver a consciência da condição humana e não cavar buracos novos e absolutamente desnecessários na existência.

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