A bancada outsider


Sílvio Ribas


O Senado Federal está experimentando sua maior renovação em quase 200 anos. O índice de cadeiras disputadas na eleição deste ano que ganharam novos titulares alcançou históricos 85%. E destes 54, apenas oito ainda ficarão com reeleitos. As outras 46 serão ocupadas por senadores novos.

Mas a grande novidade mesmo está com os nove estreantes na vida parlamentar, catapultados para o Congresso após poucos meses de campanha. Esses novatos em cargos eletivos formarão, a partir de 2019, uma informal e heterogênica bancada, a turma dos outsiders.

Emergidos das urnas no embalo do crescente engajamento on-line de cidadãos, eles querem ser personagens ativos da nova era política do país e não apenas uma personificação do atual momento marcado por mudanças radicais.

Os escolhidos este ano para a Casa Revisora que nunca haviam sido eleitos antes são: Leila do Vôlei (PSB-DF), Fabiano Contarato (Rede-ES), o primeiro senador assumidamente gay; Marcos do Val (PPS-ES); Juíza Selma “Moro de saias” Arruda (PSL-MT); Soraya Thronicke (PSL-MS); Jornalista Carlos Viana (PHS-MG); Professor Oriovisto Guimarães (Pode-PR); Capitão Styvenson (Rede-RN), o “Robocop da Lei Seca”; e Delegado Alessando Vieira (Rede-SE).

Leila está fora do figurino stricto sensu de outsider, pois já foi secretária de Esportes do Distrito Federal e chegou a se candidatar à Câmara Distrital em 2014, sem sucesso. Os outros oito sequer testaram as urnas antes.

Os outsiders representam uma classe inexperiente de agentes públicos, gestada pela onda de insatisfação popular turbinada pelas mídias sociais contra práticas e figuras políticas que se desgastaram nos últimos anos pela revelação de ruidosos casos de corrupção envolvendo filiados de vários partidos, além da crise econômica, a maior já registrada.

Trata-se, contudo, de um fenômeno em escala global, que veio à tona no Brasil com os protestos de rua gigantescos em 2013, alcançou o auge no impeachment da presidente Dilma (2016), levou à paralisação nacional com a greve dos caminhoneiros e, por fim, se consagrou com a eleição antes tida como improvável de Jair Bolsonaro à Presidência da República.

Os outsiders, inclusive, já deram nesse período de transição mostras de que não querem perder tempo. Carlos Viana, por exemplo, intensificou as suas “lives” na internet, prometendo diálogo permanente com eleitores pela internet, e o Capitão Styvenson abriu um inusitado processo seletivo para escolher assessores de gabinete. Aguarde os novos capítulos protagonizados por essa “bancada”.

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