Economia à deriva

O desempenho nulo da economia brasileira em 2014, confirmado na manhã da última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já era esperado pelo mercado. Contudo, a pífia expansão de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, pior resultado desde 2009, auge da crise internacional e quando houve recuo de 0,2%, nos obriga a olhar com preocupação para os equívocos cometidos conscientemente pelo governo nos últimos quatro anos, cujas consequências se tornarão ainda mais evidentes em 2015. Isso tudo apesar da decisão da presidente Dilma Rousseff em dar um cavalo de pau na política econômica. Em um momento com inflação em alta, arrocho tributário e crise política, as dificuldades para sair do atoleiro só crescem. A implantação da chamada Nova Matriz Econômica custou e ainda está custando muito caro para a sociedade. A sensação que fica é que o Dilma 1 foi uma chance perdida para o Brasil alcançar novos patamares, sobretudo no momento em que outros países reencontraram o caminho do progresso. Em vez de engrossar esse grupo, estamos naquele das nações que enfrentam problemas mais graves, como Rússia e Venezuela, às voltas com turbulências geopolíticas e apertos com a queda internacional dos preços do petróleo. O PIB brasileiro no quarto trimestre de 2014 iniciou trajetória de retração da atividade econômica que já contamina este ano. A pior prova disso está no mercado de trabalho, com o avanço das demissões em vários setores. A economia nos três últimos meses do ano passado recuou 0,2% na comparação com igual período em 2013. Agora, todos analistas, até mesmo os do Banco Central, preveem a economia no vermelho em 2015, com retomada incerta no próximo ano. É importante lembrar que o número oficial para o PIB do ano passado já contempla a revisão metodológica anunciada recentemente pelo IBGE. Embora justa, essa mudança de cálculo, que passa a contemplar os investimentos em inovação e tecnologia, foi conveniente ao Planalto. Sem ela, a economia teria oficialmente recuado ano passado. De toda forma, o primeiro mandato da presidente já acumula a pior média do Real. Tenho procurado mostrar ao governo que sem um plano que sinalize a recuperação da confiança e, por tabela, do investimento, a situação da economia continuará sendo fonte de incerteza para os investidores, de preocupação para as famílias e fator de instabilidade social e política.

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