Avalanche popular

As nuvens espessas e escuras que têm varrido o céu de Brasília nos últimos dias prenunciam bem mais do que chuva. As águas de março caem sobre a Praça dos Três Poderes acompanhadas da aflição de toda a sociedade brasileira, sobressaltada pelo tempo ruim da economia e da política. Formou-se no horizonte uma tempestade mais que perfeita, um somatório de incertezas que levou ao desgaste absoluto da presidente da República, ao ponto de colocar sobre a sua mesa as hipóteses de uma renúncia ou da resistência a um processo de impeachment. Os dois milhões de cidadãos que foram ontem às ruas, para protestar contra a carestia, contra a corrupção e contra a falta de comando nacional ainda aguardam respostas dos seus representantes. Eles expressaram de forma inequívoca, espontânea e ordeira o assunto do dia na conversa de todos. Inspiradas no espírito cívico, as grandes manifestações registradas em diversos pontos do território eliminaram as últimas dúvidas em torno da gravidade de nosso momento, fruto das escolhas equivocadas do primeiro mandato de Dilma Rousseff e das posturas deploráveis que adotou no segundo. Com 75 dias desde sua posse, o governo se apresenta exaurido pelas circunstâncias que ele mesmo criou. É estarrecedor perceber a profunda erosão em todos os níveis da Administração e a péssima convivência entre Executivo, Legislativo e Judiciário, revelada pelo permanente atrito.

Comentários