UFC eleitoral

por Sílvio Ribas Tomara que a euforia tome as ruas do Brasil amanhã, após uma vitória suada da Seleção diante da eficiente Colômbia. A Copa continuaria para os donos da casa e o sonho de um Carnaval fora de época na partida final do próximo dia 13 ganharia uma feliz prorrogação. Mas a única certeza com o calendário é a de que o bonito espetáculo do futebol mundial em curso nos gramados brasileiros não deverá se repetir no grande evento nacional a seguir, as eleições de outubro. A campanha pelo voto começará em clima de Fla-Flu e de luta livre. Os lances dos últimos dias, com o encerramento do período das convenções partidárias, já deram uma boa mostra do vale-tudo que será exibido no horário gratuito da tevê. Os primeiros a tombar no octógono político foram: a violentada verdade, a estropiada ética e as irrealistas plataformas de governo. A tabelinha de siglas, das recém-formadas coligações em níveis estadual, distrital e federal, deixa zonzo aquele inocente que tiver paciência e estômago de conferir cada uma das “chaves”. Diferentemente de uma emocionante decisão por pênaltis, os últimos minutos da primeira fase da corrida presidencial trouxeram cenas torpes movidas a pragmatismo e chantagens. Ministro titular sendo trocado pelo reserva, acordos festejados e sendo rompidos poucos dias depois, empulhação de convencionais, alianças com inimigos íntimos, terrorismo verbal e muito fogo amigo são alguns dos episódios deletérios trazidos pela imprensa, em paralelo à bola rolada nos estádios das cidades sedes. “Na eleição, podemos fazer o diabo”, avisou a presidente Dilma Rousseff durante discurso durante inauguração planejada pelo seu marketing. Ela tem razão. Farão todo e qualquer golpe baixo nas “lutas” que já vêm ocorrendo desde o ano passado nos bastidores, no submundo da internet e em rounds de um MMA dominado por pesos pesados. As vaias que a chefe de Estado levou no Itaquerão foram um reflexo da baixaria pré-eleitoral, vindas de gente de todas as classes sociais, conforme grifou o sincericídio do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. A verde esperança é que, nessa distribuição de hematomas morais, o nocaute do derrotado nas urnas venha de um soco consciente do público pagante. O golaço sonhado contra "o" adversário deveria sair, para o bem do eleitor e do país, de um jogo civilizado de todos os candidatos, um fair play voltado para o futuro e o interesse geral. Fonte: Correio Braziliense de ontem

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