Preview de Benjamin Button

Comercial da Sharp nos anos 1980

Por Chico Anísio


O meu sonho na vida era ter o poder de ser um vídeo-cassete de mim mesmo. Ter o controle remoto que me permitisse renascer experiências vividas.
Eu poderia voltar no tempo, acelerar, pular, cenas dos próximos capítulos, parar a imagem no momento que me tivesse sido glorioso, vivê-lo outra vez.
Talvez, eternizar um orgasmo.
Eu poderia correr a fita, de modo a entrar na percepção do futuro ou recuar para consertar, corrigir, para confirmar.
Com esse aparelhinho eu poderia criar o ideal. Ah! O ideal!
O ideal seria que o homem nascesse com 80 anos. Ele com 60 casaria com uma mulher de 59, mas com uma vantagem: a cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano, ela iria ficando mais nova. Mais nova até se transformar numa gata de 20.
Depois, ficariam noivos, namorados...
A bicicleta, o velocípede, deseprenderiam a andar, esqueceriam como engatinhar. O voador, o cercadinho. Do cercadinho para o berço. As fraldas molhadas, o peito da mãe.
Até aparecer o último homem. Adão. O último-primeiro, a quem Deus colocaria sobre a mão e em vez de soprar sobre ele, Deus, inspiraria o homem outra vez, para dentro de si mesmo.

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