Os sonetos de minha vó
O s sonetos preferidos da minha avó materna, Sylvia, estavam em um volumoso e antigo livro de antologias poéticas, revestido de um tecido bege engomado e adornado com letras em relevo. Desde a minha infância, eu manipulava aquelas páginas costuradas com afeto, reconhecendo nelas a sua beleza, imponência, valor literário e, sobretudo, a sua ligação com a bela mãe de minha mãe, uma mulher singular para a sua época. Sylvia, mineira da pequena Curvelo, que deixou este mundo no começo de 1939, aos 33 anos, ainda quando a sua única filha era bebê de quatro meses, nutria grande paixão pela leitura e pela escrita de poemas, destacando-se a sua estima por esse compêndio, que acabei herdando. Os vestígios da sua presença e de sua interação com aquela obra se revelavam nas páginas marcadas por pétalas de flores prensadas e fragmentos de folhas pautadas tiradas de cadernos. Trata-se do "Sonetos Brasileiros – Século XVIII-XX", organizado por Laudelino Freire e publicado em 1904 e 1913 pel...