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Mostrando postagens de 2022

Office boy no Paraíso

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Toda vez que tive a chance de aconselhar a garotada sobre qual rumo tomar na profissão, provocava eles parodiando antológica frase do poema Paraíso Perdido, do inglês John Milton (1608-1674). “Seu futuro vai depender de como responde à pergunta: quer ser CEO no inferno ou office boy no céu?”. Minha intenção era antecipar aos incautos a inquirição acerca do principal dilema na carreira: ou se começa humildemente por baixo em um lugar emblemático e rico em oportunidades ou se cede à tentação de subir rápido para o topo encarando menos desafios, mas cercado pela desolação geral.  A sede de poder do anjo caído Lúcifer, o personagem central da epopeia de Milton, é a mesma que leva gente talentosa e promissora a se desvirtuar no apelo dos atalhos. Ter fabuloso potencial não é, pois, sinônimo de sucesso merecido, valendo mais a vontade de escalar os picos mais altos e distantes. Se a classe operária pode voar até  o Paraíso nas asas do mérito, há também deuses do Olimpo que querem de...

A vida é um plano B

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“As coisas não serão do jeito que deseja e concessões terão de ser feitas. Isso não é motivo de decepção, porque o que está em jogo é o equilíbrio, e não a vitória ou a derrota”. O recado do astrólogo Quiroga postada ontem para os sagitarianos expõe algo que matuto há anos. Lutamos todo dia para conquistar o que desejamos ou que nos parece ser o melhor para nós. A vida, contudo, nos impõe ajustes para apontar limites e contemplar outros. Sim. Devemos perseguir os nossos sonhos, porque realizá-los nos enche de alegria e de significado. Não desista deles. Mas igualmente importante é ter flexibilidade para acolher o bom no lugar do ótimo, para esperar um pouco mais pela nossa vez e para compreender o valor da metade vazia do copo meio cheio. Além disso, grandes realizações da nossa existência são fruto do acaso e, por isso, é bom estar sempre aberto para as dádivas do céu. Recomendado pela escola de meu filho, o best-seller internacional O andar do bêbado, do físico e matemático Leonard M...

Dilemas jurídicos no Metaverso

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O ano de 2022 estreou sob o impacto de tendências tecnológicas, sociais e econômicas sob o eletrizante conceito do metaverso. Trata-se da aposta liderada pelas gigantescas empresas voltadas ao meio digital que promete revolucionar não apenas o mundo dos negócios, mas as próprias relações humanas. Por meio de avatares, os usuários da internet em três dimensões (3D), acessada por óculos, fones e outros equipamentos especiais, viverão “outra vida”, que combina a realidade física com o ciberespaço. Ao lado de oportunidades exponenciais e perturbadores riscos trazidos pela plataforma imersiva também grandes e inéditos questionamentos jurídicos. As rotinas criadas pela necessidade de distanciamento social na pandemia, com reuniões por videoconferência, alcançarão em breve experiências mais arrojadas, algumas delas já em teste até por redes varejistas. No seu rastro surgirão demandas como privacidade, direito de propriedade e outras que terão de ser delineadas em paralelo à chamada realidade ...

Qual é sua mágica?

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Magic Johnson simboliza os mais vibrantes dias da NBA, a principal liga americana de basquetebol. O jogador revolucionou a posição de armador quando liderava o Los Angeles Lakers nos anos 1980, ajudando a construir uma era de prosperidade e popularidade para os atores daquele espetáculo esportivo. Habilidades especiais mostradas nas quadras renderam a Earvin Johnson Junior, o do homem por trás do mito, a alcunha de Magia (Magic). A reflexão que sugiro é sobre o varejo dessa “mágica” a habitar em todos nós. Sempre haverá o momento do brilho individual a encantar o outro. Ao revelarmos uma capacidade de fazer algo extraordinário com uma aparente facilidade mostramos o diferencial humano. Surpreender positivamente faz parte do nosso show e o nosso atributo raro só prova que carregar consigo raridades é algo genérico. Resguardados os gênios, somos todos “Magic”. Artistas e desportistas costumam ser os pródigos em fazeres únicos, mas creio haver uma cota para cada um de nós a ser exposta. S...

Paixão é razão de sucesso

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O mote da campanha que a Band começou a veicular para o lançamento da nova temporada do MasterChef me abriu o apetite por conexões. “Paixões realizam sonhos”, atual slogan do famoso reality show gastronômico, sugere bem mais do que o trunfo de boas e experientes mãos na cozinha.  Ele me remete à percepção de sentimento como combustível para ações e realizações. “Nada se cria sem paixão”, filosofou Steve Wozniak, criador da Apple junto com Steve Jobs. A razão do sucesso da empresa foi, segundo ele, o fato de terem criado ambiente onde impera o desejo de inovar. Quando assisto à escalada de palestras e livros de consultores e gurus sobre o papel do tal propósito, da tal missão e do tal segredo para os negócios e para as carreiras, tenho agora o impulso de sacar aquela frase-tema da atração culinária como a síntese de tudo o que eles querem dizer.  Os estudiosos do cérebro chegaram à equação de que "pensamento leva à emoção, que leva à ação". Então o que precisamos para alcançar...

Oração a Santo Expedito

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Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, socorrei-me nesta hora de aflição e desespero, intercedei por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Vós que sois um santo guerreiro. Vós que sois o santo dos aflitos. Vós que sois o santo dos desesperados, vós que sois o Santo das causas urgentes. Protegei-me, ajudai-me, dai-me força, coragem e serenidade. Atendei ao meu pedido (faça aqui o seu pedido). Ajudai-me a superar estas horas difíceis, protegei-me de todos que possam me prejudicar, protegei a minha família, atendei ao meu pedido com urgência. Devolvei-me a paz e a tranquilidade. Serei grato pelo resto de minha vida e levarei seu nome a todos que têm fé. Santo Expedito, rogai por nós. Amém.

As águas turvas da eleição

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Os 156 milhões de brasileiros aptos a votar estão convidados a voltar às urnas no próximo domingo, o último deste mês, desta vez para escolher (ou não) um entre os dois candidatos mais bem votados no primeiro turno na eleição presidencial, o ex-presidente Lula (PT) e o atual Jair Messias Bolsonaro (PL). Este é, certamente, o pleito mais conflagrado da nossa história republicana, superando até a polarização extrema de esquerda e direita de 1989. Além de um engajamento recorde dos polos da sociedade, agigantado pelas redes sociais, as urnas ainda estão sob o espectro de uma parcela restrita de indecisos e por uma indecifrável camada d e votos não revelados. Por isso, os 32 milhões que de ausentes viraram peça-chave nas campanhas. A redução ou o aumento do índice recorde de 21% confirmará o vencedor do primeiro turno, Lula, ou imporá virada inédita, em favor de Bolsonaro. O esforço para sondar e bombear para a superfície esses votos profundos e não revelados em outubro me lembra os volume...

O bem-estar na civilização

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Os shopping centers provocam debates de estudiosos do comportamento humano desde os anos 1980, quando o conceito desse negócio se consolidou. Para muitos, eles são templos do consumismo e estimulam a futilidade, sobretudo a dos mais jovens. Mas a evolução da sociedade acabou dando a esses locais que agregam comércio e serviços um papel semelhante ao das bucólicas praças de cidadezinhas do interior, o da convivência social. Em O Mal-Estar na Civilização (1929), o psicanalista alemão Sigmund Freud explica que o indivíduo se organiza em sociedade e as regras dessa regulam relações interpessoais. Tudo em nome do bem-estar geral, mas com algum prejuízo para impulsos de cada um. Hoje, quando as ruas e outros espaços públicos são ameaçados pelo crime, pela poluição e pela loucura climática, os shoppings servem para abrigar o desejo de convívio saudável e civilizado. Não é por acaso que, antes e depois da pandemia, esse segmento tenha tido excelente performance. Os shoppings se adaptaram às de...

Robô talentoso?

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Era o último espanto digital que faltava. Programas informatizados capazes de criar belíssimas fotografias, pinturas e canções a partir de uma simples frase. O realismo e a sofisticação desses trabalhos impressionam tanto que até já despertam o velho temor retratado pela ficção científica em torno da ameaça de robôs conscientes à dominância do Homo Sapiens no planeta. A questão que suscita as especulações sobre uma distopia do amanhã é se as máquinas substituirão o ser humano  até mesmo na criatividade artística, criando novas estéticas e linguagens e, por fim, imaginando realidades. O nosso talento, que julgávamos insubstituível, estaria próximo de concorrer com um talento de inteligência artificial (IA)? Quem seria o mais talentoso? Como prévia de debate de incomum profundidade, recentemente houve a polêmica envolvendo o artista americano Jason Allen, que ganhou concurso de desenho no Colorado usando apenas uma ferramenta de IA. Antes disso, houve composições musicais geradas por...

O desapego dos bilionários

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Há mesmo uma contradição em ser muito rico – muito mesmo – e parecer totalmente desapegado dos luxos terrenos? Desde o começo deste século nos acostumamos a ver como mera excentricidade o estilo frugal de vida de famosos bilionários que encabeçam a lista da Forbes, alguns já perto de se tornar trilionários. Contudo, a trajetória de cada um deles e as novas bases da riqueza global explicam a sua postura avessa à tentadora extravagância. O desapego desses cujo patrimônio cresceu ainda mais na pandemia reflete a sua obstinação por levar novidade ao mundo e induzir comportamentos. Para tais figuras invejadas mais importante que ascender materialmente é impactar a vida das pessoas com seus empreendimentos. O valor somado das ações que têm das suas empresas com o que já foi convertido em bens próprios é só uma referência para mensurar o extraordinário desejo por ser determinante A explicação para os seus guarda-roupas simples e repetitivos, as suas casas “normais”, os seus hábitos comuns e a...

Nostalgia futura

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Dua Lipa, diva inglesa que se apresentou este mês no Rio e em São Paulo, tem só 27 anos e está no auge de uma carreira ainda promissora. A cantora de inegável talento despertou a minha atenção pelo seu raro nome de origem albanesa e pelo fato de o seu maior fã ter quase o triplo da sua idade. A paixão do americano Papa Richy, 80, revelada ao mundo em outubro de 2021 pelo TikTok, o levou a um encontro-surpresa com ela em março, armado pelo talk show de Jimmy Fallon, em Nova York. O entusiasmo do vovô ao dançar com a estrela significa mais do que um fofo encontro de gerações. O vídeo de Richy comemorando o ingresso de presente para o show de Dua em Miami e a sua performance com ela nos estúdios da NBC revelam um público idoso que não tem vergonha de apreciar contemporaneidades artísticas e que não está preso à nostalgia. A animação dele é a pura expressão do propósito de seguir vivíssimo. Num planeta onde as cabeças prateadas estão cada vez mais presentes, o mercado precisa acordar para ...

Promessas da primavera digital

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Antônio Carlos Jobim (1927-1994) anteviu o Google Translator lá no alvorecer dos anos 1970. Durante entrevista televisiva ao jornalista Roberto D’Avila o maestro contou que, depois de todo esforço próprio para fazer a versão em inglês (também antológica) do seu clássico Águas de Março (1972), sonhou ter um computador no qual palavras pudessem ser inseridas para, logo depois, se obter instantaneamente a tradução delas em qualquer outro idioma. Segundo ele, pouparia tempo e abriria novas possibilidades. Corta para 2022. Com tanta facilidade e rapidez agora para se acessar informações de todo tipo, pergunto se gênios criativos como Tom, cujas obras são louvadas em todo o mundo, seriam ainda mais prolíferos na atualidade? A resposta aparentemente óbvia é “sim, claro”. Mas receio que outra questão se ergue nestes tempos de conexão digital onipresente e universal: onde estão os artistas de genialidade ímpar florescidos na primavera digital? Eles existem, mas estão sendo submersos em realidad...

O sorriso de Gorbachev

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O risco de um inverno nuclear não está de todo afastado. Mas a chance de este derradeiro evento planetário ocorrer hoje é dezenas de vezes menor do que na primeira metade dos anos 1980. Ditaduras também persistem. Contudo, têm agora número bem menor que a média do século 20. Por fim, fome e subdesenvolvimento ainda castigam milhões, com a diferença de que há 30 anos essas mazelas não param de recuar, graças ao comércio globalizado, à acelerada inovação tecnológica e a uma maior conexão entre os povos. Esse quadro que começou a ser pintado em 1985 é bem diferente daquele da Guerra Fria, no qual duas superpotências – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Estados Unidos – gastavam trilhões de dólares anuais para alargar o abismo a um passo da humanidade. Bastaria o simples aquecimento dos silos de mísseis balísticos, o cruzamento de fronteiras por tropas estacionadas ou um singelo aperto de botão para o dia seguinte nascer cinza, radioativo e desalentador. As páginas dos jo...

Cantar e os males espantar

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Em 1968, pouco após os assassinatos do pastor Martin Luther King e do presidenciável Bob Kennedy, Elvis Aaron Presley (1935-1977), surpreendeu o mundo ao gravar belíssima canção em honra dos dois célebres pacifistas americanos. É emocionante assistir o vídeo de If I can dream , com o Rei do Rock cantando hino gospel com evidente conteúdo político, clamando pelo fim das tensões raciais na América à época. A súplica de Elvis pela concórdia humana, que foi encenada na recente cinebiografia do cantor, é, infelizmente, atualíssima. Passado mais de meio século, assistimos a atos de guerra criminosos, covardias com inocentes e ofensas racistas em espaços públicos. Atrocidades assim não só cobram a condenação de culpados. Elas gritam por inspiradas mensagens de paz e liberdade proferidas pelos artistas. Imagine , música antológica de John Lennon (1940-1980) lançada em 1971, nunca deixará, por exemplo, de ser o mais amplo manifesto pela tolerância contra a insanidade belicista. É outra prova d...

Você se sente suficiente? O exemplo de Jim Carrey

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Dia desses fui impactado por recente vídeo do ator canadense Jim Carrey, naturalmente viralizado, no qual responde numa entrevista à insistente pergunta se está mesmo se aposentando aos 60 anos. O astro do cinema resumiu a decisão na seguinte frase: “Tenho o bastante, fiz o bastante, sou o bastante”. O intérprete genial de personagens inesquecíveis revelou aí o ideal de paz interior perseguido por todos nós, conscientemente ou não. Nos últimos anos, após confessar publicamente ter sofrido com a depressão, Jim buscou formas de evoluir pessoal e espiritualmente e se distanciar dos males psíquicos que acometem celebridades, como vício por holofotes e crises de identidade ou de propósito de vida. O esforço por autoconhecimento, o desejo de curtir as coisas simples e verdadeiras e a compreensão da necessidade de desacelerar o entorno para ter foco no real o tornaram “suficiente”. É interessante ouvir de alguém tão talentoso e ainda vigoroso no físico e na mente dizer que o tempo de plantar ...

O sultão e o "sarrafi"

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“Descer o sarrafo” é um jeito bem-humorado de se referir a opiniões duras de comunicadores. Contudo, após visitar Omã e lá ser apresentado a todos como o “sarrafi” (jornalista em árabe) do Brasil, a expressão passou a me evocar também simpatia. Isso porque os receios de desembarcar numa região marcada por conflitos bélicos e religiosos sumiram logo que provei a hospitalidade dos súditos do sultão Qaboos bin Said al-Said (1940-2020). Como enviado especi al do Correio Braziliense , a convite do governo omani, cheguei à capital Mascate em abril de 2014 para confirmar um momento especial do pequeno país no extremo sul da Península Arábica. As suas iniciativas para modernizar e diversificar a atividade econômica – até hoje concentrada em petróleo, gás e tâmaras – e ampliar presença no comércio global atraíam projetos de multinacionais como Vale, Petrobras e BRF. As experiências que tive em um dos últimos sultanatos do mundo, muito distante culturalmente do Ocidente, foram inesquecíveis....

Curvelo por Audálio Dantas

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“Tempo de reportagem: Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” (Leya, 2012), livro do premiado jornalista alagoano Audálio Dantas (1929-2018), compila grandes 13 reportagens dele. Entre elas está a “Oh, Minas Gerais!”, publicada no número 47 da revista Realidade, de janeiro de 1970. O texto do brilhante repórter narra em detalhes a vida cotidiana de CURVELO no ano do tricampeonato de futebol. Ele também faz notas pessoais sobre sua investida no sertão mineiro. Veja o trecho: “Em Curvelo, a praça moderna, com monumento, concha acústica, laguinho, fonte luminosa e tudo mais, é um orgulho para os 43.000 habitantes. (...) A meninada aderiu à minissaia e até ao biquíni. E tem uma boate, o Caldeirão, que ferve à noite e dá uma concorrida vesperal aos domingos, par a a turma que não consegue autorização dos pais para a esticada noturna. Quem inventou o Caldeirão foi Ernesto Ricardo, dentista, diretor de clube, jornalista, promotor de concursos de miss e dono de um time de fute...

Sorte, azar ou técnica?

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No anoitecer de recente domingo, no Shopping SP Market, São Paulo, topei com uma cena que ilustra a percepção que o público tem sobre sucessos da vida. Em torno de gigante máquina de pegar gigantes bichinhos de pelúcia, uma pequena multidão ovacionava o jogador que se mostrava obstinado e adestrado na missão. Após cinco tentativas bem endereçadas, a garra içou o troféu fofo, erguido em seguida pela namorada e torcedora-mor dele. Naquele momento em que me senti como protagonista de Toy Story diante do foguete do Pizza Planet ouvi com atenção os comentários e reações dos espectadores. O consenso ali era de que o feito glorioso de pescar a boneca estofada resultara de uma mistura de estratégia com sorte. As falhas, por sua vez, refletiam instantes preparatórios da conquista com pitadinhas de infortúnio. Ao final, a audácia do herói de botão e joystick mereceu fortuna. Essa brincadeira, garantem os donos do equipamento de entretenimento, é desafiante e não um caça-níqueis. Isso porque ela ...

O furo da bolha digital

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O comércio eletrônico está presente na vida de bilhões de pessoas. Mas lá nos estertores do século 20, a novidade do tal e-commerce ainda excitava a curiosidade do público, alavancava vertiginosa oscilação de mercados e coabitava com relutantes céticos. Nós, jornalistas, abordávamos essa pauta também apresentando: líderes empresariais estreantes, marcas inovadoras e promissores modelos de consumo. Tudo junto e misturado na esfuziante progressão da Bolha da Internet. Estávamos cobrindo futuros no presente. Para integrar o grupo de repórteres brasileiros desbravadores da Nova Economia, fui convidado pelo diretor Mario Alberto de Almeida em 1999 a migrar da sucursal da Gazeta Mercantil em Florianópolis para a redação principal em São Paulo. A minha missão era liderar a cobertura desse setor em construção e que prometia “mudar tudo”. O desafio começava com as estranhas siglas para definir as vendas online de produtos e serviços (B2C), os intercâmbios empresais (B2B) e as transações entre...

Sobre assessoria em RIG/Relgov

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Entrevistado por alunas de um curso de graduação em Relações Públicas de São Paulo sobre a minha atual condição profissional, fiz o seguinte depoimento. Sou jornalista há mais de 30 anos e, nos últimos sete, tenho me dedicado à área de relações institucionais e governamentais, também conhecida por RIG ou Relgov. Essa minha incursão se deu após eu ingressar, como servidor comissionado, no Senado Federal, assessorando dois parlamentares.  Formei-me em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, em 1991, pela PUC Minas. Ao migrar para a assessoria parlamentar, naturalmente busquei me capacitar em RIG, na perspectiva de ampliar meus horizontes para áreas como lobby e análise de conjuntura política ou regulatória. Por isso cursei o MBA de Relações Institucionais em 2017, pelo Ibmec-DF. Pensava em ir para a área de assessoria governamental? Se sim, por quê? Sim. A larga experiência como jornalista com foco em coberturas de economia e política me animou a buscar novas oportunidades...

A audácia da engenharia brasileira

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As persistentes mazelas do Brasil, como a profunda desigualdade social e a carência de infraestrutura, acabam ofuscando seus gigantescos feitos, que desafiaram o ceticismo do mundo. A engenharia brasileira foi audaciosa ao ponto de tornar possível o impossível à época. Bem mais que a arquitetura espetacular de Brasília, da ponte Rio-Niterói, da usina termonuclear de Angra e da hidrelétrica de Itaipu, temos histórias ímpares de audaciosos engenheiros brasileiros. Vou me ater a exemplos que ouço d esde criança, sobre projetos que foram classificados previamente como inviáveis por especialistas do Primeiro Mundo e que há décadas nos orgulham. A primeira “loucura” foi o Lago Paranoá, no Distrito Federal. Contrariando a opinião de gringos, Juscelino mandou fechar a barragem em 1959 e o cartão postal se formou. Onde morava 100 famílias hoje navega a maior frota naval do país fora da costa. Muito antes dessa teimosia histórica de nossos engenheiros, houve outra no ramo ferroviário há mais de ...

O longevo brilho das estrelas

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A pandemia da Covid-19 arrefece mundo afora e abre alas para a retomada de rotinas de trabalho, estudo e lazer. As aglomerações de shows de artistas estão entre os mais festejados efeitos do resgate de normalidades, mas há nelas um detalhe ainda mais encorajador. Em homenagem à resiliência e como mensagem de esperança, estrelas idosas brilham nos palcos. No último domingo (1º), Silvio Santos, maior mito da televisão brasileira, voltou a apresentar seu programa após o afastamento iniciado em agosto de 2021. Aos 91 anos, ele levantou a audiência do SBT e emocionou fãs. Um dia antes, o ator e cantor Tony Tornado, de mesma idade, cantou no palco do Caldeirão, na Rede Globo, com vozeirão vibrante, para surpresa geral. Prestes a completar 80 anos, em 18 de junho, Paul McCartney fez na última quinta-feira (28) o seu retorno às turnês. Afastado da estrada desde julho de 2019, o sempre inquieto, criativo e laborioso beatle gravou um álbum solo, tocando todos instrumentos em estúdio próprio,...