A magia da fonte luminosa de Curvelo
Sílvio Ribas
Por
muitos anos, as noites de domingo em Curvelo (MG) presenteavam os moradores com
um espetáculo encantador. Na Praça Benedito Valadares, a fonte luminosa
transformava água, luz e música em coletivo e poético ritual.
Crianças maravilhadas, casais apaixonados e famílias inteiras se punham ao redor do balé de jatos coloridos, embalados por trilhas sonoras também inesquecíveis. Todos eram testemunhas da tecnologia à serviço da beleza.
Cercada por um círculo de 16 colunas inclinadas de pedra bruta — que, diziam, evocar doces pé-de-moleque —, a fonte pulsava vida e harmonia. Essa mandala era observada por majestosa coluna coríntia em pedra polida.
Toda vez que vejo fontes luminosas em outras partes do mundo, é inevitável lembrar da nossa. Os jatos altos, as luzes coloridas dançando ao som da música — tudo me remete à magia que brotava do centro da minha cidade.
Naqueles longínquos anos 1970 e 1980, a fonte luminosa de Curvelo era mais que um suntuoso equipamento urbano: era um símbolo cultural e turístico do nosso município, uma ode à técnica, à imaginação e à emoção.
A fonte integrava o projeto grandioso da moderna Benedito Valadares, na qual elementos arquitetônicos narravam a história do sertão mineiro. O lago artificial com peixes e a fonte retratavam o vigor passado de rios e córregos.
Em julho de 2015, a fonte foi reinaugurada, após anos de hibernação. Voltou a jorrar água e luz, com tecnologia renovada. Mas, para mim, a sua versão mais vívida é a da infância e adolescência — exuberante, colorida e mágica.
Foi ali que muitos de nós aprendemos, embalados por sua dança líquida e luminosa, que sonhar é preciso. E que a beleza e o sentimento — quando compartilhados — deixam marcas que nem as décadas conseguem apagar.
PS: Até hoje tenho curiosidade em relação à "casa de máquinas" da fonte.
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