Santo Antônio: um rio à margem
As histórias de muitas cidades começam à beira de um rio. Em Curvelo (MG), não foi diferente: o nascimento urbano se deu junto ao Ribeirão Santo Antônio. Ainda assim, para mim, ele sempre foi um estranho íntimo, presente e ausente ao mesmo tempo, alguém que correu ao lado da minha vida sem jamais ser devidamente apresentado, apesar da proximidade insistente de suas margens silenciosas. A imagem mais nítida que guardo desse personagem oculto é a curva que ele desenha ao contornar o Hospital Santo Antônio, exatamente onde nasci, no fim do s agora distantes anos 1960. O “rio” da cidade acabou reduzido a referência de esgoto a céu aberto, trecho temido por doenças, esconderijo de marginais e até palco de assombrações sussurradas. O ribeirão esteve sempre ali, a poucas ruas da casa onde cresci, cruzando a BR-135 e depois a 259, passando rente ao velho hospital e seguindo até o bairro Bandeirantes. Um fio d’água persistente, quase invisível, que atravessava a cidade enquanto nós atravessáv...