Da pequena fábrica sediada em Fontainebleau, nos arredores da capital francesa, a Creed investe em fórmulas sofisticadas, concebidas uma a uma, e na máxima qualidade dos ingredientes, todos naturais. O cultivo de flores, a maceração e a filtragem são os mesmos do século 18. Num mercado de gigantes, a empresa nunca mirou vendas estrondosas, mas tem fenômenos nos mais de 200 perfumes em 261 anos, como Aventus e Green Irish Tweed.
Surgida em Londres pela iniciativa de James Henry Creed, a perfumaria de autor recebeu a primeira encomenda real em 1781, do rei George III, para quem foi feita a essência Royal English Leather. A mudança para a França em 1854 se deu a convite dos últimos imperadores Napoleão III e Eugenie, para quem fez o Jasmin Imperatrice Eugenie, oferecido até hoje. Outros clientes monarcas eram Franz-Josef da Áustria-Hungria e o czar Nicolau II.
A poderosa rainha britânica Vitória nomeou em 1885 a Creed como “fornecedora oficial” da corte real. Para sua majestade, a marca criou o Fleurs de Bulgarie, perfume disponível até o momento. Também naquele ano, a rainha Maria Cristina da Espanha deu a ela o status de supridor oficial. No século 20, não só a realeza expressou sua preferência, mas também líderes políticos como o icônico primeiro-ministro Winston Churchill, adepto do Tabarome, e o jovem presidente americano John Fitzgerald Kennedy, que usava o Vetiver desde os tempos de senador.
Em 1956, Creed criou o perfume do dia do casamento de Grace Kelly, Fleurissimo, por ordem de seu noivo, o príncipe Rainier de Mônaco. Assim começou um longo namoro com Hollywood. Muitas estrelas sucumbiram à marca: Angelina Jolie, Audrey Hepburn, Ava Gardner, Cary Grant, David de Bowie, Errol Flynt, George Clooney, Jennifer Lopez, Julia Roberts, Madonna, Marlene Dietrich, Natalie Wood e Robert Redford, entre outras.
EXCELÊNCIA DE PAI PARA FILHO
Hoje sediada em Paris, a Creed é a única no ramo de perfumes de luxo que passou de pai para filho desde o início. A marca capitaneada por Olivier Creed, sexto da linhagem e criador de sucessos, em parceria com o filho Erwin, 40 anos, exala confidencialidade. O sucessor do mestre perfumista aprendeu a conhecer e apreciar as primeiras essências ainda criança. Pai e filho criaram nos últimos anos tesouros como Himalaya e Original Vetiver.
Em 2005, mister Creed criou o Love In White, usado pelas primeiras-damas americanas Laura Bush e Michelle Obama, por isso batizado de “fragrância da Casa Branca”. Kate Middleton, esposa do príncipe William e fã declarada da marca, recebeu a primeira Creed Royal Ceylan em 2006, o ano de estreia de Original Santal, perfume unissex de sândalo da Índia real. Para completar a boa fase, nasce em 2008 o Love In Black, inspirado em Jacqueline Onassis.
A Creed festejou o 250º aniversário em 2010 com a abertura da então única loja nos Estados Unidos, na 794 Madison Avenue em Manhattan, e com a criação da Aventus, descrita pelo The New York Times como “hipnotizante”. Em 2011, é lançado o Royal-Oud para homens e mulheres, com um dos componentes mais caros da perfumaria, extraído de árvores de Agarwood.
A tradicional casa de fragrâncias tem 91 aromas criados entre 1781 e 2021, sempre com preços para clientela abonada. Um frasco de 100ml da Creed Millesime Viking, por exemplo, custa pouco mais de R$ 3 mil no comércio eletrônico brasileiro. Já o meio litro do perfume Unisex Creed Aventus For Her Flacon sai por volta de R$ 11 mil. Apesar do elevado custo, os perfumes Creed apresentam benefícios especiais de difusão e de durabilidade.
Com status de verdadeira instituição, a Creed nasceu e ainda sobrevive com artigos feitos sob medida ou encomenda, mesmo diferencial que permitiu à empresa familiar conquistar por séculos a mais importante família do Reino Unido. A marca de nicho reúne uma pequena rede de lojas exclusivas em Paris, Londres, Los Angeles (EUA), Dubai e outros poucos locais, além de espaços reservados em perfumarias selecionadas em cidades importantes.
SERVIÇO
www.creedboutique.com
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