Paolinelli para Nobel da Paz

A pujança do agronegócio associado à sustentabilidade ambiental e a importância da segurança alimentar como fator de prevenção de conflitos internacionais sustentam a indicação do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz 2021.

A candidatura do agrônomo mineiro foi protocolada no fim de janeiro pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e tem o respaldo das entidades ligadas ao setor rural no Brasil, além de mais de 100 líderes de instituições de 28 países.

Conhecido como pai da moderna agricultura tropical, Paolinelli tem reconhecimento unânime do setor agrícola mundial, tendo sido o responsável por criar a Embrapa e por liderar políticas públicas nos anos 70 e 80 que tornaram o país potência no campo.

Mineiro de Bambuí, onde nasceu há 84 anos, Paolinelli tornou-se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal). Em 1971, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas e criou incentivos e inovações tecnológicas que transformaram o estado no maior produtor de café do Brasil.

O talento do jovem para revolucionar setores inteiros ficou evidente e, em 1974, foi convidado pelo presidente Geisel para tornar-se ministro. No cargo, promoveu a ocupação produtiva do estéril cerrado brasileiro, implantou programa de bolsas para 1,5 mil estudantes nos maiores centros de pesquisa do mundo, focou ações conforme biomas e reestruturou o crédito.

O país deixou de ser dependente da importação de alimentos para ser grande exportador. Até então não havia agricultura tropical competitiva no planeta. Degradado e infértil, o cerrado brasileiro cobriu o déficit na balança agrícola em apenas cinco anos.

A revolução verde de Paolinelli, que promoveu crescimento econômico sustentado, melhoria social, vida saudável e avanços no bem-estar para as populações rural e urbana. E ainda fez do Brasil o maior exportador mundial de alimentos básicos.

Essa revolução segue expandindo. Sua melhor expressão está nas 230 milhões de toneladas de alimentos colhidas pelo Brasil na última safra, 10 vezes mais do que conseguia produzir quando a saga de Paolinelli começou.

Em 2006, Paolinelli foi agraciado com o World Food Prize, o Nobel da Alimentação. O feito foi alcançado graças ao trabalho do ex-ministro ao lado do pesquisador Edson Lobato, da Embrapa, para melhorar a qualidade, elevar a quantidade e disponibilidade de alimentos no mundo. Eles foram apontados como os responsáveis pela transformação do cerrado em celeiro do mundo.

Atualmente, o ex-ministro é presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e do Instituto Fórum do Futuro, além de embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura.

O Conselho Norueguês do Nobel recebe candidaturas ao prêmio até março e irá divulgar o resultado em dezembro. O último Nobel dado a um membro da área de alimentação foi em 1950 e líderes de pesquisa agrícola acharam que estava na hora de a área voltar a ser contemplada.

Temos, pois, a obrigação de apoiar essa candidatura, como homenagem e reconhecimento a um homem que, até hoje, se dedica à melhoria do processo de produção de alimentos sem agredir o meio ambiente, apostando na ciência como solução
para o desafio de alimentar a humanidade de forma sustentável.

 

 

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