Era uma vez um humilde pescador de uma
província distante, que morava numa casinha de madeira de um pequeno vilarejo
perdido no meio de um vale esquecido há séculos.
O pescador e a sua mulher tinham seis filhas.
O desejado filho só veio bem tarde, depois do nascimento das meninas. Mas a
corrente agitada do rio o levou depois de o barco bater numa pedra e se virar.
O menino não sabia nadar.
O homem que vivia da pesca e para a família
ficou muito triste com a perda do caçula e também porque sua mulher não mais
podia dar a luz.
Apesar do consolo da esposa e das seis
filhas, o pescador não suportava tanta dor e foi lutar sozinho contra ela numa
cabana de palha na margem do mesmo rio que afogou depressa o seu coração. Logo
na primeira das incrivelmente estreladas três noites de seu silencioso refúgio,
aquele magro e curvado velho chorou, chorou e chorou.
Na terceira noite pôs então os pés nas águas
frias do rio e decidiu fazer companhia ao filho nas profundezas. Suas lágrimas
caíram e se misturaram às gotas cristalinas do curso de peixes e estrelas
refletidas.
Em seguida, despencou do céu negro e piedoso
uma estrelinha pequenina. O corpo cadente pousou de leve no leito do rio, bem à
frente do admirado pescador. A luz se espraiou sobre todas as águas, virou
espuma e da espuma surgiu uma linda menina.
Ela olhou para o maravilhado homem
e disse: “Sou Nanako, sua sétima filha. Não chore mais. O seu coração é maior
que este rio e as suas lágrimas são mais doces que estas águas. O seu filho
tragado pelo rio brilha lá do alto”.
Nanako, a menina vestida de azul e branco e
com uma coroa de flores na cabeça, flutuou até o agora conformado pai e o
abraçou carinhosamente. Eles foram andando devagar para a casinha de madeira do
pequeno vilarejo perdido no meio do vale esquecido há séculos.
O pescador viveu
o resto de sua vida simples com as sete lindas filhas por perto e a contemplar um
luminoso filho no sétimo céu.
* A inspiração para esta história me veio do
nome de rede paulistana de restaurantes japoneses
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