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Mostrando postagens de julho, 2022

O sultão e o "sarrafi"

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“Descer o sarrafo” é um jeito bem-humorado de se referir a opiniões duras de comunicadores. Contudo, após visitar Omã e lá ser apresentado a todos como o “sarrafi” (jornalista em árabe) do Brasil, a expressão passou a me evocar também simpatia. Isso porque os receios de desembarcar numa região marcada por conflitos bélicos e religiosos sumiram logo que provei a hospitalidade dos súditos do sultão Qaboos bin Said al-Said (1940-2020). Como enviado especi al do Correio Braziliense , a convite do governo omani, cheguei à capital Mascate em abril de 2014 para confirmar um momento especial do pequeno país no extremo sul da Península Arábica. As suas iniciativas para modernizar e diversificar a atividade econômica – até hoje concentrada em petróleo, gás e tâmaras – e ampliar presença no comércio global atraíam projetos de multinacionais como Vale, Petrobras e BRF. As experiências que tive em um dos últimos sultanatos do mundo, muito distante culturalmente do Ocidente, foram inesquecíveis....

Curvelo por Audálio Dantas

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“Tempo de reportagem: Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” (Leya, 2012), livro do premiado jornalista alagoano Audálio Dantas (1929-2018), compila grandes 13 reportagens dele. Entre elas está a “Oh, Minas Gerais!”, publicada no número 47 da revista Realidade, de janeiro de 1970. O texto do brilhante repórter narra em detalhes a vida cotidiana de CURVELO no ano do tricampeonato de futebol. Ele também faz notas pessoais sobre sua investida no sertão mineiro. Veja o trecho: “Em Curvelo, a praça moderna, com monumento, concha acústica, laguinho, fonte luminosa e tudo mais, é um orgulho para os 43.000 habitantes. (...) A meninada aderiu à minissaia e até ao biquíni. E tem uma boate, o Caldeirão, que ferve à noite e dá uma concorrida vesperal aos domingos, par a a turma que não consegue autorização dos pais para a esticada noturna. Quem inventou o Caldeirão foi Ernesto Ricardo, dentista, diretor de clube, jornalista, promotor de concursos de miss e dono de um time de fute...

Sorte, azar ou técnica?

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No anoitecer de recente domingo, no Shopping SP Market, São Paulo, topei com uma cena que ilustra a percepção que o público tem sobre sucessos da vida. Em torno de gigante máquina de pegar gigantes bichinhos de pelúcia, uma pequena multidão ovacionava o jogador que se mostrava obstinado e adestrado na missão. Após cinco tentativas bem endereçadas, a garra içou o troféu fofo, erguido em seguida pela namorada e torcedora-mor dele. Naquele momento em que me senti como protagonista de Toy Story diante do foguete do Pizza Planet ouvi com atenção os comentários e reações dos espectadores. O consenso ali era de que o feito glorioso de pescar a boneca estofada resultara de uma mistura de estratégia com sorte. As falhas, por sua vez, refletiam instantes preparatórios da conquista com pitadinhas de infortúnio. Ao final, a audácia do herói de botão e joystick mereceu fortuna. Essa brincadeira, garantem os donos do equipamento de entretenimento, é desafiante e não um caça-níqueis. Isso porque ela ...