Re-start do desarmamento

A ascensão de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos coincidiu com a urgência em se renovar o acordo histórico de desarmamento nuclear assinado pelo país com a então União Soviética (Rússia) em 1991 e idealizado desde os anos 1980 por Mikhail Gorbachev. A postura clara de Gorbachev e Obama por um mundo livre de tensões nucleares foi a principal contribuição para que ambos fossem agraciados pelo Prêmio Nobel da Paz de 1990 e 2009, respectivamente. Kremlin e Casa Branca repetem agora o discurso por “cortes radicais e sem precedentes” em seus arsenais de ofensiva estratégica, estoques formados na Guerra Fria.

O novo pacto para reduzir armamentos dos dois maiores sócios do clube nuclear vai substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start-1, na sigla em inglês), assinado pelo então presidente dos EUA, George Bush (pai), e pelo primeiro e único presidente da URSS, Gorbachev. Obama prevê um acordo em 2010 e considera o entendimento essencial para “relançar as relações” entre Washington e Moscou. Para conter a escalada bélica alimentada pelo projeto Guerra nas Estrelas, do presidente americano Ronald Reagan, o líder soviético investiu a partir de 1986 em pesada campanha internacional pró-desarmamento.

No início do dezembro, em Copenhague (Dinamarca), Obama e o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disseram que só faltam “detalhes técnicos” para a assinatura do novo tratado. Em julho, Obama e Medvedev assumiram compromisso de firmar o pacto antes de o Start-1 expirar, mas este acabou sendo prorrogado “indefinidamente”. Uma das dificuldades na negociação está na proposta russa de uma verificação simplificada e recíproca dos cortes. O total de ogivas operacionais que cada um poderá manter deverá ficar em 1,5 mil e o de plataformas de lançamento de mísseis, entre 500 e 1,1 mil, um recuo de 33% sobre os atuais patamares. Medvedev alertou que as tensões geradas pelo projeto do presidente George W. Bush, de instalar escudo nuclear na Europa do Leste, se pareciam com as da guerra fria. Esse novo “Guerra nas Estrelas” foi engavetado pelo sucessor de Bush, Obama.

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