Três poeminhas sensacionais


Lasmito não ter a capacidade de memorizar os belos poemas que li. Tenho preferência por Carlos Drummond (o maior de todos) e Pablo Neruda (o mais inspirador de todos). Recolho e registro aqui três trechos poéticos que me chamaram a atenção pela ironia com jogo de palavras (semas). Vejamos:

Poeminha do contra
(Mario Quintana)

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”


Mãos dadas
(Carlos Drummond de Andrade)

“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
(...) Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente”.


Tecendo a Manhã
(João Cabral de Melo Neto)

“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos”.

(Inspirado no adágio “uma andorinha só não faz verão”)

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