O bruto também ama
Faroeste cabloco Renato Russo Não tinha medo o tal João de Santo Cristo Era o que todos diziam quando ele se perdeu Deixou prá trás todo o marasmo da fazenda Só prá sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu Quando criança só pensava em ser bandido Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu Era o terror da cercania onde morava E na escola até o professor com ele aprendeu Ia prá igreja só prá roubar o dinheiro Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar Sentia mesmo que era mesmo diferente Sentia que aquilo ali não era o seu lugar Ele queria sair para ver o mar E as coisas que ele via na televisão Juntou dinheiro para poder viajar E de escolha própria escolheu a solidão Comia todas as menininhas da cidade De tanto brincar de médico aos doze era professor Aos quinze foi mandado pro reformatório Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror Não entendia como a vida funcionava Descriminação por causa da sua classe e sua cor Ficou cansado de tentar achar resposta E comprou um...